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Apenas 14% das escolas públicas tinham estrutura de EAD no Brasil em 2019




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Se muitos pais vêm reclamando dos resultados (ou da falta deles) gerados pelo ensino remoto realizado nas escolas brasileiras devido à pandemia da COVID-19, isso não é sem razão. Isso porque a pesquisa TIC Educação 2019 aponta que apenas 14% das escolas públicas e 64% das particulares, ambas em áreas urbanas, contavam com um ambiente ou plataforma de aprendizagem à distância. Em números gerais, apenas 28% das instituições de ensino localizadas em áreas urbanas contavam essa estrutura.

O estudo foi divulgado na última terça-feira pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Realizada entre os meses de agosto e dezembro de 2019, a TIC Educação investiga o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas públicas e particulares brasileiras de Ensino Fundamental e Médio, com enfoque no uso pessoal desses recursos pela comunidade escolar e em atividades de gestão e de ensino e de aprendizagem.

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A pesquisa também revela que, em 2019, as escolas localizadas em áreas urbanas tiveram maior presença em redes sociais: atualmente, 79% delas possuem perfil ou página em redes sociais, sendo 73% entre as públicas e 94% entre as particulares – números que eram de 67% e 76% em 2018, respectivamente.

Além disso, o documento aponta que as platafomas sociais são um dos principais canais de interação entre a escola e a família: na rede pública, 54% dessas instituições afirmam utilizá-las como meio de comunicação com os pais ou responsáveis; já na rede privada, este percentual foi de 79%. Por outro lado, o e-mail institucional vem caindo em desuso: ele é utilizado por apenas 16% das escolas públicas e de 63% das particulares.

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“A presença das escolas de ensino fundamental e médio no ambiente virtual é extremamente importante, especialmente diante das medidas de distanciamento impostas pela pandemia COVID-19”, aponta Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br. “Com os jovens longe das escolas, as tecnologias se tornaram uma das principais estratégias para que os alunos não percam o vínculo com a educação. Tais tecnologias têm sido importantes também no suporte remoto às famílias, como meio de diálogo entre educadores, pais ou responsáveis e estudantes”.

Conectividade: um desafio que ainda precisa ser superado

Ainda que a adoção venha crescendo ano após ano, manter-se conectado para realizar atividades pedagógicas ainda é um desafio no ensino brasileiro. Esta última edição do TIC Educação aponta que, em 2019, 77% do total de alunos de escolas urbanas que são usuários de Internet utilizavam a rede para fazer trabalhos em grupo e 65% para trabalhos escolares à distância. Já 28% dos estudantes afirmaram que utiliza a rede para se comunicar com os professores. Os docentes, por sua vez, fazem uso da Internet para esclarecer dúvidas dos alunos (48%), disponibilizam na rede conteúdos para os alunos (51%) e recebem trabalhos enviados pela Internet (35%).

A pesquisa também indica que um percentual importante dos alunos de escolas urbanas utiliza as redes sociais para a realização de trabalhos escolares: em 2019, 81% usaram este recurso, sendo que 61% disseram utilizar o aplicativo de mensagens instantâneas (WhatsApp) para essa tarefa, percentual que se manteve estável desde 2018.

Conectividade por região e domínio dos celulares

A TIC Educação 2019 fez ainda um recorte do índice de conectividade dos estudantes por região. De modo geral, 83% dos alunos de escolas urbanas são usuários de Internet. Na região Sudeste, esse número é de 88%, com 87% no Sul e 86% no Centro-Oeste. Já nas regiões Norte e Nordeste, os números caem sensivelmente, com 73% e 78% dos alunos conectados, respectivamente.

O telefone celular é, disparado, o meio mais utilizado para acessar a rede: 98% dos alunos fazem uso deste tipo de dispositivo, sendo este o único dispositivo de acesso para 18% dos respondentes. O acesso exclusivo pelo celular foi maior entre os alunos que residem nas regiões com menores índices de conectividade: Norte (25%) e Nordeste (26%) e também e entre os estudantes de escolas públicas urbanas, com 21% deles.

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Em relação à presença de outros dispositivos de acesso à rede nos domicílios, 29% dos alunos de escolas urbanas contam com um tablet em casa, 35% com um computador de mesa e 41% com notebooks. Além disso, 39% dos alunos de escolas públicas não possuem nenhum destes dispositivos em casa, o que dificulta a realização de atividades pedagógicas de forma remota, principalmente, as mais complexas.

“Grande parte das políticas públicas na área da educação têm como foco a conectividade na escola, agora o grande desafio é prover aos jovens conectividade nos domicílios, para garantir que tenham acesso à educação. O tipo de dispositivo, por exemplo, passa a ser um problema, uma vez que muitas crianças em domicílios de baixa renda só acessam a Internet pelo celular”, explica Barbosa. “Além da falta de recursos para o acesso à Internet nos domicílios, o fechamento das escolas gera vários outros impactos. No caso das áreas rurais, por exemplo, um quarto dos gestores de escolas que possuem computadores e Internet afirmam que os recursos de tecnologia da instituição estavam disponíveis também para uso da comunidade do entorno. Com as escolas fechadas, não só os alunos e professores, mas também a comunidade deixam de ter acesso”, completa.

Familiaridade com tecnologia e sala de aula virtual

A TIC Escola 2019 mostra também que a faixa etária é um fator determinante na realização de algumas atividades online e para o desenvolvimento de habilidades digitais. A pesquisa indica que 48% dos alunos conectados do 5º ano do Ensino Fundamental leram um livro, um resumo ou um e-book na Internet, 40% usaram mapas na Internet e 63% compartilharam na Internet um texto, imagem ou vídeo. Já entre os alunos do 2º ano do Ensino Médio, essas porcentagens são maiores: 65%, 74% e 82%, respectivamente.

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Entre as atividades escolares, 93% do total de alunos de escolas urbanas usuários de Internet afirmam acessar a rede para pesquisas escolares. No entanto, os índices são preocupantemente mais baixos quando se verifica o uso mais diversicado da tecnologia em atividades de aprendizagem: apenas 24% dos alunos do 2º ano do Ensino Médio afirmaram ter utilizado a rede para fazer provas e simulados e 16% para participar de cursos à distância.

“Os dados evidenciam que as atividades mediadas pelas tecnologias em sala de aula estavam mais concentradas na transmissão de conteúdo do que na possibilidade de participação dos alunos nas atividades, principalmente por conta das condições de acesso às tecnologias pelos estudantes e pela carência de oportunidades de formação para os educadores”, continua Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br. “Com um maior contingente de jovens estudando em casa, medidas para prover conectividade e desenvolver capacidades para a aprendizagem online nunca foram tão urgentes e necessárias”, finaliza.

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A declaração de Barbosa é corroborada pela pesquisa: ela indica que 76% dos alunos do 5º ano afirmam usar a Internet para fazer pesquisas para a escola, enquanto 55% usam a rede para estudar para provas. O crescimento mais expressivo de uso da rede foi para a realização de tarefas e exercícios que os professores passam – de 47% em 2018 para 56% na última pesquisa. Entre os docentes de escolas públicas urbanas, apenas 48% disseram ter desenvolvido com os alunos atividades online relacionadas a música, vídeos e fotografia; 31% fizeram pesquisas em livros e revistas com os alunos e 15% elaboraram planilhas e gráficos.

Para acessar a TIC Educação 2019 na íntegra, assim como rever a série histórica, clique aqui.

Fonte: Canaltech

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