Um sítio fossilífero do País de Gales revelou achados incríveis de 462 milhões de anos atrás, incluindo olhos e cérebros preservados de criaturas bastante diferenciadas em meio a uma série de espécies desconhecidas à ciência. Publicado no periódico científico Nature Ecology, o estudo sobre o depósito de fósseis descreve os achados do sítio chamado Castle Bank.
- Estudo fornece nova explicação para a maior explosão de biodiversidade na Terra
- Fóssil de criatura bizarra de três olhos mostra em detalhes evolução dos insetos
No local, está preservado um verdadeiro tesouro composto por criaturas com corpos e órgãos moles, que dificilmente sobrevivem ao processo de fossilização. A riqueza do lugar levou a comparações com outros sítios prolíficos, como o Folhelho Burgess, do Canadá, e a biota Qingjiang, na China. Castle Bank, no entanto, é 50 milhões de anos mais novo, e dá aos cientistas um vislumbre único de uma época que abrigava vida com estruturas moles e diversas — o Período Ordoviciano (485,3 a 443,8 milhões de anos atrás).
Espécies novas e antigas
Segundo relatos dos cientistas, foram encontradas mais de 170 espécies de criaturas no local, a maioria ainda desconhecida. Entre elas, há exemplos curiosos do final do período Cambriano, como os bizarros opabinídeos (Opabinia), seres aquáticos parecidos com artrópodes, mas que ostentavam uma tromba com dentes na extremidade.
–
CT no Flipboard: você já pode assinar gratuitamente as revistas Canaltech no Flipboard do iOS e Android e acompanhar todas as notícias em seu agregador de notícias favorito.
–
Também há exemplos iniciais de animais que evoluíram para espécies atuais, como cracas, camarões e bichos não identificados, como uma criatura semelhante a um inseto de 6 patas, e restos de olhos e cérebros. Outros animais conhecidos, mas já extintos, também estavam presentes, como o sistema digestivo fossilizado de trilobitas, bem como vermes e esponjas inteiros.
Animados, os pesquisadores comentam encontrar algo novo toda vez que visitam o sítio novamente. Acredita-se que serão necessárias décadas para destrinchar todo o conhecimento providenciado pelo local. A localização exata, a propósito, é mantida em segredo por requisição do proprietário, sendo apenas descrito como “uma pequena pedreira em um campo de ovelhas”.
A dupla de cientistas responsável — Joseph Botting e Lucy Muir — descobriu o local em 2020, durante o isolamento pela covid-19, e passou mais de 100 dias o estudando. Como são pesquisadores independentes, eles tiveram de fazer um financiamento coletivo para adquirir os equipamentos necessários para estudo, como um microscópio para averiguar detalhes — alguns dos fósseis têm apenas 3 milímetros de comprimento. Mais tarde, uma equipe internacional de pesquisadores se juntou a eles para concluir a pesquisa.
O ambiente preservado de Castle Bank pode ter sido um berçário para animais mais jovens, segundo uma das teorias levantadas pela pesquisa, já que há apenas exemplos juvenis dos trilobitas mais comuns (Ogyginus corndensis), mas o tamanho reduzido levanta outra possibilidade interessante: a de que seria uma característica da comunidade local, já que sua miniaturização é “impressionante”, nas palavras dos cientistas.
Trending no Canaltech:
- Por que hospitais dão gelatina para os pacientes?
- A procura pela longevidade humana já chegou ao fim, dizem cientistas
- El Niño pode vir com força em 2023. Saiba como ele pode afetar o Brasil
- Robô “desmaia” após trabalhar até a exaustão — e tem vídeo disso
- ChatGPT custa mais de R$ 3,5 milhões por dia para funcionar, diz analista
- 5 motivos para NÃO comprar o Chevrolet Onix RS
Fonte: Canaltech