Versões falsas do aplicativo mais popular entre os brasileiros estão por trás de algumas das principais fraudes online relatadas pela imprensa. Golpistas têm se aproveitado do interesse dos brasileiros pelo WhatsApp para instalar vírus capazes de desviar dinheiro através do Pix, realizar operações remotas e roubar dados. A própria empresa reconhece que o Brasil é o país com maior número de usuários desse aplicativo de mensagens.
O WhatsApp tem duas vezes mais buscas no Google do que a rede social mais popular do mundo, o Instagram, e o interesse pelo concorrente Telegram é dez vezes menor. Essa popularidade faz com que as versões falsas do aplicativo sejam usadas como isca pelos golpistas.
Para evitar cair nesses golpes, é importante recorrer apenas às fontes oficiais para instalar o WhatsApp, como a Play Store para dispositivos Android e a App Store para iPhones e outros dispositivos da Apple.
Um exemplo de versão falsa do aplicativo é o “Watsap Web” com grafia errada. Esse link era usado para instalar um vírus de computador que aplicava um golpe de desvio de Pix por meio da modalidade “copia e cola”. Quando alguém copiava um texto, esse trecho era armazenado na área de transferência do computador. O malware substituía o código guardado por outro, direcionando o dinheiro para a conta do criminoso.
O link do “Watsap Web” foi removido do Google após denúncias. Caso encontre links problemáticos nas buscas do Google, é possível alertar a empresa por meio da opção de Feedback disponível no botão de mais opções (…).
Além disso, também é importante ficar atento a notificações suspeitas e desconfiar de atualizações do WhatsApp que prometem melhorias genéricas, como “WhatsApp Azul” ou “WhatsApp Rosa”. As atualizações sempre são baixadas sob o nome do mesmo programa e as lojas de aplicativos oferecem a opção de atualizar, não de instalar.
Segundo um levantamento global da empresa de cibersegurança Kaspersky, os aplicativos móveis maliciosos foram uma das principais formas de golpes online em 2022, com mais de 1,6 milhão de ocorrências bloqueadas pelo antivírus. No entanto, as proteções contra esses golpes também estão em constante evolução, dificultando a publicação de apps maliciosos nas lojas oficiais.
De acordo com a consultoria Kaspersky, o brasileiro foi o alvo mais visado no mundo por golpes com links falsos no WhatsApp em 2022. Apenas no ano passado, foram identificadas 76 mil tentativas desse tipo de fraude no país. Os golpistas utilizam temas populares como isca para obter dados pessoais das pessoas, que são posteriormente usados em outras fraudes financeiras.
No estado de São Paulo, pelo menos 9.645 pessoas foram vítimas de golpes no WhatsApp, dentre os mais de 75 mil casos de estelionato digital e invasão de celular registrados no estado entre janeiro de 2019 e abril deste ano. A plataforma do WhatsApp foi a mais citada nesses casos, seguida pelo Instagram, Facebook, aplicativos de mensagem e aplicativos de relacionamento.
Esses dados foram obtidos pela Folha através da Lei de Acesso à Informação. A empresa de cibersegurança Kaspersky alerta que, diante desse contexto, é esperado o surgimento de novos esquemas de fraude cada vez mais sofisticados.