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Hidroxicloroquina como prevenção da COVID-19 é o mesmo que placebo, diz estudo




Hidroxicloroquina como prevenção da COVID-19 é o mesmo que placebo, diz estudo - 1

A hidroxicloroquina (e a cloroquina) tem se tornado pauta frequente nas últimas duas semanas. Depois de a OMS (Organização Mundial de Saúde) ter interrompido temporariamente os testes com o medicamento por questões de segurança e, pouco tempo depois, ter voltado atrás na decisão, agora um novo teste sobre a sua suposta eficácia no combate à COVID-19 foi divulgado.

A interrupção da OMS nos testes do medicamento aconteceu após a divulgação de um estudo que mostrou associação com elevação do risco de morte em pacientes com COVID-19, principalmente envolvendo ataques cardíacos. Logo depois, a pesquisa foi acusada de inconsistência nos dados e retirada do ar. Agora, segundo um novo estudo publicado na revista New England Journal of Medicine, a hidroxicloroquina não vem se mostrado eficaz para prevenir a doença, como muitos vêm acreditando, sendo considerada a mesma coisa que um placebo.

Os testes com a droga aconteceram nos Estados Unidos e no Canadá, com o seu uso em pacientes que estavam com risco moderado ou alto de contrair a COVID-19. Aqueles que corriam um risco alto estiveram a menos de dois metros de uma pessoa infectada pelo novo coronavírus, por mais de 10 minutos e sem equipamento de proteção. O objetivo da pesquisa era verificar se havia a possibilidade de o medicamento ser usado como prevenção de pessoas que têm familiares contaminados.


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Enquanto um grupo recebeu a hidroxicloroquina, outro ingeriu pílulas placebo, cerca de quatro dias após a exposição ao novo coronavírus. Os 821 participantes eram, em sua maioria, jovens e adultos saudáveis, na faixa dos 40 anos e sem sintomas aparentes da doença. As pílulas foram enviadas às residências dos voluntários, que as ingeriram em cinco dias, sendo a dose mais alta no primeiro dia.

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Imagem: Reprodução/Pixabay

Resultados

O testes resultaram em 107 participantes contaminados pela COVID-19, dentro de um período de 14 dias de acompanhamento, e tanto casos suspeitos quanto confirmados não foram testados, mas sim diagnosticados clinicamente com base nos sintomas. Entre os voluntários que receberam a hidroxicloroquina, 49 desenvolveram a doença ou sintomas compatíveis, como febre e tosse, enquanto 58 dos que foram falsamente medicados com o placebo foram contaminados. A diferença, segundo o estudo, não é significativa. Somente dois pacientes precisaram de tratamento hospitalar e não houve nenhuma morte.

Ainda de acordo com os resultados do estudo, pacientes que ingeriram a hidroxicloroquina foram os mais prováveis a apresentar efeitos colaterais, como náusea e dor de estômago, o que ocorreu 40% dos voluntários, do que aqueles que receberam o placebo, com 17% sentindo os efeitos. Em relação à arritmia cardíaca, nenhum dos participantes chegou a sentir, assim como não houve outras reações mais graves.

Um dos líderes do estudo, Dr. Todd Lee, também professor de medicina da divisão de doenças infecciosas na Universidade McGIll, no Canadá, conta que a esperança dos testes era que o medicamento funcionasse, o que não aconteceu. “Nosso estudo demonstra que a hidroxicloroquina não é melhor que um placebo quando usada como medicina preventiva dentro de quatro dias de exposição a alguém infectado pelo novo coronavírus”, conta.

Dr. Ryan Zarychanski, professor de medicina da Universidade de Manitoba, no Canadá, diz que o “estudo deixa a política de lado para oferecer provas imparciais para guiar a prática da prevenção contra a COVID-19 e reiterar a importância dos ensaios clínicos para combater o novo coronavírus”.

 

Fonte: Canaltech

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