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IA é melhor do que professor remoto no treinamento de neurocirurgiões




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Pesquisadores canadenses analisaram a eficácia de novos métodos de treinamento para futuros neurocirurgiões em um simulador. Em circunstâncias onde o ensino precisa ser remoto — como o cenário que foi imposto pela pandemia da covid-19 —, a Inteligência Artificial (IA) pode ser uma estratégia melhor que orientação de professores à distância, segundo a pesquisa.

Publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA), o estudo sobre os novos modelos de ensino foi liderado por cientistas do The Neuro, um centro de pesquisa localizado na cidade de Montreal, no Canadá.

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IA pode ser um bom professor para neurocirurgiões, quando a única opção de ensino é a remota (Imagem: Reprodução/DragonImages/Envato)

“As descobertas deste ensaio clínico randomizado sugerem que a realização de ressecções [cirurgia que remove um tecido específico] simuladas de tumores cerebrais foi mais eficaz com o feedback de um tutor de IA em comparação com o aprendizado com instrução remota de especialistas”, afirmam os autores do estudo.


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Além disso, a equipe de pesquisa ressalta que foi possível promover “um ambiente de aprendizado afetivo e cognitivo” de ensino. Estas são características fundamentais para o aprendizado.

Estudo que treina neurocirurgiões com IA

A equipe de pesquisadores canadenses recrutou 70 estudantes de medicina para realizarem remoções virtuais de tumores cerebrais em um simulador neurocirúrgico. Estes indivíduos foram divididos, de forma aleatória, em três tipos de experiência de ensino:

  • Primeira grupo: os voluntários foram treinados por um sistema de tutoria de IA;
  • Segundo grupo: os integrantes receberam instruções de médicos humanos especializados, mas de forma remota;
  • Grupo controle: os participantes não receberam nenhum feedback após o uso do simulador.

Para o primeiro grupo, foi desenvolvido um tutor com IA chamado de Virtual Operative Assistant (VOA). O sistema usou um algoritmo de aprendizado de máquina para ensinar técnicas cirúrgicas seguras e eficientes, além de fornecer feedbacks personalizados. No segundo grupo, os instrutores remotos assistiram a uma transmissão ao vivo das simulações cirúrgicas e deram feedbacks com base no desempenho do aluno.

Segundo os cientistas, os alunos que receberam instrução e feedbacks do VOA aprenderam as habilidades cirúrgicas 2,6 vezes mais rápido e obtiveram um desempenho 36% melhor em comparação com aqueles que receberam instruções e feedback de instrutores remotos.

Além disso, os integrantes do primeiro grupo não experimentaram maior estresse e nem relataram maior incidência de emoções negativas que os outros dois grupos. Estes fatores poderiam impactar o sucesso da nova alternativa de ensino.

Futuro do ensino da medicina?

“Os tutores artificialmente inteligentes, como o VOA, podem se tornar uma ferramenta valiosa no treinamento da próxima geração de neurocirurgiões”, especula Rolando Del Maestro, um dos autores do estudo e professor da McGill University, em comunicado.

“O VOA melhorou significativamente a experiência, enquanto promoveu um excelente ambiente de aprendizado. Estudos em andamento estão avaliando como instrutores presenciais e tutores com inteligência artificial podem ser usados​, de forma combinada, ​com mais eficiência para melhorar o domínio das habilidades neurocirúrgicas”, adianta o professor.

Agora, “mais pesquisas são necessárias para entender quais procedimentos cirúrgicos se prestam melhor às intervenções de IA, mas este estudo fornece evidências de que essa técnica de ressecção de tumor cerebral pode ser uma candidata apropriada”, completam os autores do esudo.

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Fonte: Canaltech

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