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2019: o ano que o Brasil entrou (de vez) no mapa da Amazon




2019: o ano que o Brasil entrou (de vez) no mapa da Amazon - 1

Até 21 de janeiro de 2019, podíamos considerar o Brasil um mercado, digamos, periférico, da Amazon. Afinal, a empresa não tinha presença das mais relevantes por aqui e, ao que parecia, pouco prestava atenção no que acontecia em território nacional.

E motivos para achar isso não faltavam. No e-commerce, suas vendas eram restritas ao Kindle, meia dúzia de categorias e ao marketplace, onde lojistas terceiros usavam o site como vitrine para vender seus produtos. Nos produtos da marca, como dissemos há pouco, apenas o Kindle figurava por aqui. E no setor de serviços, o Prime Video luta bravamente com o Netflix, ainda que este último seja o preferido do público.

Mas, a partir do dia 22 de janeiro deste mesmo 2019, tudo mudou. Contrariando todas as expectativas a Amazon resolveu – em pouco menos de 10 meses – colocar de vez o Brasil em seu radar. Para isso, ela trouxe ao país boa parte do menu que a faz o maior e-commerce do mundo. E isso em um cenário econômico pouco animador.


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Logo, confira os três fatores que colocaram o Brasil no mapa da Amazon:

1 – Venda direta de produtos no Amazon.com.br

No dia 22 de janeiro deste ano, a Amazon fez um anúncio que pegou todos de surpresa: a empresa passaria a expandir as suas operações no Brasil, iniciando a venda direta de produtos, ou seja, com estoque próprio. Com isso, os consumidores poderiam adquirir mais de 20 de milhões de produtos em até 15 categorias, todas vendidas e entregues pela companhia.

Entre as categorias que podem ser encontradas a partir das vendas diretas da Amazon, estão Eletrônicos (smartphones, TVs, videogames, tablets, notebooks, etc), Beleza, Brinquedos, Cuidados Pessoais, entre outros. Os dispositivos da marca também continuam à disposição, incluindo o Kindle, o Fire TV Stick (concorrente direto, e não tão bem sucedido, do Chromecast, do Google) e mais de 200 mil livros.

Como você leu no começo dessa matéria, até este anúncio, o site da Amazon estava restrito a venda direta de poucos produtos, além do marketplace. A expansão fez com que a companhia passasse a competir em pé de igualdade com outras gigantes, como Magazine Luiza, B2W (Submarino, Americanas.com e Shoptime) e Via Vareja (Casas Bahia e Ponto Frio) e até mesmo o Mercado Livre.

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Centro de distribuição da Amazon em São Paulo: entregas para todo Brasil

E para concorrer com empresas mais consolidadas no e-commerce brasileiro na venda direta, a Amazon tratou de se estruturar. A companhia inaugurou um centro de distribuição de seus produtos, localizado na cidade Cajamar, na Grande São Paulo. O local, com 47 mil m² e traz as mesmas tecnologias logísticas que outros de seus armazéns espalhados pelo mundo. Nele, trabalham parte dos 1,5 mil funcionários da empresa no Brasil. E, claro, a gigante do e-commerce usa algoritmos, responsáveis pela observação dos hábitos de compras de seus usuários, para a criação de categorias personalizadas.

Além disso, para não depender de empresas problemáticas, como os Correios, para a entrega de produtos, a Amazon fechou um acordo com um pool companhias, que formam uma ampla rede de distribuição. E toda essa estrutura logística precisa funcionar a contento para que a gigante do e-commerce possa oferecer um de seus principais serviços…que você conhece logo abaixo.

2 – O Amazon Prime chega com pompa ao Brasil

Há pouco mais de um mês – mais precisamente no dia 10 de setembro – a Amazon anunciou a chegada ao Brasil de um de seus serviços mais diferenciados: o Amazon Prime.

Para quem não conhece, trata-se de um serviço de entregas com frete gratuito ilimitado e sem valor mínimo, em que o usuário paga uma taxa única mensal. Além das entregas, ele dá acesso ainda a uma série de serviços focados em entretenimento, como o já conhecido Prime Vídeo, o Prime Music, o Prime Reading e o Twitch Prime.

Criado em 2005, o Amazon Prime já está presente em 18 países e conta com 100 milhões de usuários pagantes. O Brasil será foi 19º país e o primeiro da América do Sul a contar com o serviço. De acordo com Talita Taliberti, gerente-geral para Prime na Amazon Brasil., as entregas serão feitas em todo o território nacional, com prazo a partir de dois dias úteis. “O Brasil é o país com o pacote mais completo de serviços do Amazon Prime em seu dia de lançamento”, afirmou a executiva ao Canaltech, na ocasião do lançamento. “Nos outros países, para além do serviço de entrega, as plataformas de entretenimento foram sendo inseridas gradualmente. Já no Brasil, os usuários têm acesso a todos os serviços de uma vez só”, completa.

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Site do Amazon Prime: anúncio da chegada do serviço derrubou o valor de mercado da concorrência no Brasil

O Amazon Prime abrange centenas de milhares de produtos em seu escopo de entrega, em mais de 20 categorias, além de milhões de livros impressos. Isso inclui games, eletrônicos, produtos de beleza, vestuário, calçados, produtos para casa, brinquedos e muitos outros. Os produtos participantes do Prime são comercializados pela própria Amazon, ou seja, aqueles pertencentes à modalidade de marketplace não entram no plano.

Para atrair usuários ao seu serviço, a Amazon aposta na abrangência e na entrega dentro do prazo. De acordo com a empresa, membros Prime em mais de 90 cidades brasileiras, incluindo as áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, capitais e principais cidades do Sul e Sudeste terão frete a partir de dois dias úteis gratuito e ilimitado. Para as outras regiões, o Prime também terá entrega com frete grátis, mas com prazos de entrega a partir de três dias úteis. Para que o cliente fique sabendo o prazo exato de entrega, ele pode visitar um site especial do serviço (Entrega Prime) e verificar em quanto tempo a encomenda chegará a sua casa. parcerias com diversas empresas de entrega espalhadas pelo país.

Além disso, a empresa afirma que o objetivo é manter a média de 98% das entregas feitas no prazo e que seus dois centros de distribuição, localizados na cidade de Cajamar, em São Paulo, terão condições de atender as demandas em todo território nacional.

E para criar uma base sólida para o Amazon Prime, a empresa aposta em preços agressivos: o serviço custará R$ 9,90 por mês ou R$ 89,90 por ano. Além disso, o usuário ainda tem um período de 30 dias de testes gratuitos.

3 – Alexa e linha Echo

E para completar o trio de novidades que colocaram o Brasil de vez no radar da Amazon, no último dia 03 de outubro, a empresa anunciou a chegada da versão em português da Alexa, sua assistente virtual baseada na nuvem e que executa uma infinidade de ações a partir de comandos de voz. E para aproveitar seus recursos, a marca expandiu sua linha de hardware no país, trazendo três dispositivos da popular linha Echo: o Amazon Echo, o Echo Dot e o Echo Show 5, alto-falantes inteligentes que trazem a Alexa integrada e pronta para executar ações ditas pelos usuários (clique aqui para conhecer cada um).

Com a Alexa integrada a diversos dispositivos, será possível, por exemplo, a ela que toque músicas a partir de serviços de streaming como Amazon Music, Spotify e Deezer – incluindo ações como aumentar e diminuir o volume, pular músicas e perguntar qual o nome da canção.

Além disso, o usuário pode usar a assistente para efetuar uma série de consultas, como ouvir notícias de canais como UOL, CBN, Jovem Pan, G1, Veja e Folha de São Paulo e acompanhar as partidas de seus esportes favoritos. Será possível também saber a previsão do tempo, enviar e receber mensagens e chamadas (inclusive em vídeo, para o caso do Echo Show 5), fazer perguntas sobre os mais diversos assuntos, criar alarmes, timers, listas de compras e de tarefas.

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Echo Dot: a Amazon quer a Alexa em todos os lares brasileiros

A Alexa permitirá ainda que você controle uma casa conectada, já que ela funciona com uma variedade de produtos compatíveis com Wi-Fi incluindo lâmpadas, câmeras, tomadas, fechaduras e interruptores inteligentes – todos, claro, vendidos na Amazon. Com isso, você pode, por exemplo, trancar a porta antes de dormir ou diminuir as luzes direto do sofá, tudo usando apenas a sua voz. Ou criar que permitem a automatização de uma série de ações personalizáveis, usando um único comando de voz de sua escolha.

Membros do Amazon Prime também poderão fazer compras por voz usando o Alexa, com comandos como “Alexa, coloque sabão no meu carrinho”, ou “Alexa, compre brinquedo X”. A partir daí, a plataforma encontrará um produto entregue com Prime e aplicará descontos disponíveis, incluindo os itens no carrinho de compras. A partir daí, basta entrar no app da Amazon para fechar o pedido e efetuar o pagamento. É possível ainda verificar o status de compras existentes, simplesmente dizendo “Alexa, onde estão meus pedidos?”.

“Para que a Alexa tivesse o perfeito entendimento do português brasileiro, incluindo os diferetes sotaques e vocabulário de cada região, montamos, em dezembro de 2018, uma equipe com milhares de pessoas para treinar a Alexa”, afirmou Ricardo Garrido, gerente geral para Alexa no Brasil. “Com isso, conseguimos que a Alexa tivesse maior exatidão para compreender e executar os comandos na nossa língua e, como é característico dos brasileiros, em um tom mais informal e bem humorado”, completa.

Efeito na bolsa

A série de lançamentos da Amazon no Brasil não fez apenas os executivos da concorrência coçarem a cabeça. A chegada do Amazon Prime, por exemplo, causou um rebuliço na Bolsa de Valores do país no dia do seu lançamento: isso porque as ações de algumas das maiores varejistas nacionais despencaram com o anúncio da chegada do serviço de entregas com frete gratuito ilimitado da Amazon. No total, B2W (controladora da Americanas.com e Submarino), Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio), Lojas Americanas e Magazine Luiza perderam, juntas, R$ 4,8 bilhões em valor de mercado.

Na época, as ações da B2W recuaram 4,83% (ou R$ 1,09 bi), enquanto os da Via Varejo tiveram desvalorização de 3,28% (R$ 298 milhões); os papeis do Magazine Luiza foram os que sofreram maior perda: 4,97% (R$ 2,59 bilhões). As Lojas Americanas, por sua vez, foi a que sofreu o menor recuo: 3,2% (R$ 897 milhões). Juntas, o valor de mercado dessas empresas é de R$ 103,8 bilhões.

Pois é…ao que tudo indica, as gigantes do e-commerce brasileiro terão de se mexer rápido – e de forma eficiente – se não quiserem perder espaço para a empresa de Seattle – e bilhões em valor de mercado. O consumidor, que espera uma guerra de preços e entregas no prazo, agradece.

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Fonte: Canaltech

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