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Adianta usar máscaras para se proteger contra o coronavírus?




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Desde o aparecimento dos primeiros casos do novo coronavírus chinês, o que mais tem se visto são imagens de asiáticos, especialmente chineses, usando máscaras para andarem nas ruas, aeroportos ou em qualquer outro espaço público. Isso porque já foram notificadas 132 mortes e mais de 6.000 casos de infecção do vírus, provisoriamente chamado de 2019-nCoV, cujo epicentro é a China, segundo dados da Johns Hopkins University.

Nesse contexto, as máscaras faciais, incluindo as de estilo cirúrgico, tem sido a “melhor opção” para pessoas se protegerem de novas transmissões. Só que essa afirmação não é completamente verdadeira, porque elas não bloqueiam a respiração, de forma segura, contra os germes. Além disso, essa pode, simplesmente, ser uma leitura errada do “ocidente” sobre o seu uso.

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Há diferentes tipos de máscaras respiratórias no mercado e que apresentam diferentes indicações (Ilustração: Divulgação/ CDC)

Entenda o dilema

Quando o indivíduo inspira, a máscara filtra o ar e as partículas, que acima de um determinado tamanho não conseguem passar pela barreira física do tecido. Essa é a principal ideia por trás de se usar uma máscara, inclusive do modelo mais usado por médicos e profissionais da saúde, a N95. Essa opção também é conhecida pelo nome de respirador de partículas.


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No rosto da pessoa, a máscara deve estar bem ajustada e funciona muito bem, quando há muita fuligem ou fumaça no ar, por exemplo. As próprias autoridades de saúde chinesas recomendam o uso delas para a equipe do hospital, responsável por tratar pacientes com suspeita de coronavírus.

No entanto, esse modelo indicado costuma ser (muito) diferente do que a maioria das pessoas utiliza nas ruas. Nessas circunstâncias, são normalmente usadas uma simples máscara cirúrgica, que não foi projetada para bloquear partículas de um tamanho específico. Além disso, os vírus costumam ser menores que as partículas de fuligem.

Outra importante questão é que as máscaras cirúrgicas não são justas o suficiente no rosto do indivíduo. O que significa que o ar pode entrar facilmente no espaço entre a máscara e a pele, fazendo com que o indivíduo respire de uma certa quantidade de ar não filtrado.

Em outras palavras, essas máscaras (independentes do modelo) só podem fornecer uma proteção adicional para o usuário contra as maiores gotículas de fluidos corporais, como as partículas que saem de um espirro ou tosse. Afinal, não filtram o ar da maneira ideal.

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Recomendada?

O CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos não recomenda nenhum dos modelos para a proteção diária contra germes de pessoas possivelmente infectadas. Caso a pessoa esteja em trânsito para outro país, a recomendação para evitar contaminações é lavar as mãos com frequência, por exemplo.

O Ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, também destaca as ações de higiene para diminuir os possíveis casos de contaminação, como “lavar as mãos, evitar espirrar e tossir sem proteger a pessoa que está na sua frente, evitar tocar nos olhos, nariz, boca e evitar tocar pessoas que estejam doentes.”

Afinal, as máscaras não foram desenvolvidas para que o indivíduo se proteja de outras pessoas, mas para proteger outras pessoas de seus próprios germes. Quando o paciente doente tosse ou espirra, todas essas gotículas são filtradas no interior da máscara, evitando a disseminação de substâncias potencialmente carregadas de vírus.

É por esse mesmo motivo que os cirurgiões utilizam máscaras durante a cirurgia. Do contrário, esses profissionais estariam respirando sobre “feridas abertas”, o que aumentaria o risco de contaminações. Seguindo esse mesmo raciocínio, pacientes em uma clínica com sintomas de resfriado ou gripe podem ser solicitados a usarem uma máscara, durante o tempo que aguardam em uma sala de espera, evitando troca de vírus com outras pessoas também doentes.

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Em países asiáticos, o uso de máscaras respiratórias é socialmente mais aceitável (Foto: Mark Schiefelbein/ AP Photo)

Questão pessoal

De forma geral, o uso ou não das máscaras para andar nas ruas depende do próprio indivíduo. Esse comportamento é, por exemplo, muito mais socialmente aceito ​​na Ásia, onde sua popularidade pode ser atribuída à epidemia de SARS (Síndrome respiratória aguda grave), que eclodiu em 2003, também originaria da China.

Há ainda uma questão cultural de respeitar o outro e, de forma geral, melhorar o convívio em sociedade nesses países. Esse respeito pode ser traduzido por não desejar que se coloque a saúde dos outros em risco, desde que haja maneiras simples de se evitar o contágio. Afinal, mesmo não sendo 100% indicadas, as máscaras podem ajudar, ainda que em menor escala, a diminuição de novas transmissões do coronavírus. Vale lembrar que da maneira oposta — ou seja, evitando que o vírus seja disperso no ar.

 

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Fonte: Canaltech

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