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Astrônoma descobre galáxia “fantasmagórica” quase tão antiga quanto o universo




Astrônoma descobre galáxia

Uma astrônoma encontrou, meio por acaso, algo que podemos considerar o equivalente cósmico às pegadas do Abominável Homem das Neves. Uma galáxia considerada apenas “folclore” e descrita como “monstruosa” foi flagrada por telescópios, e essa descoberta pode fornecer informações preciosas sobre a formação de algumas das maiores galáxias do universo.

Christina Williams, astrônoma da Universidade do Arizona e autora principal do estudo publicado no Astrophysical Journal, notou um pequeno borrão de luz fraca enquanto observava o céu usando o observatório Atacama Large Millimeter Array (ALMA), no alto das montanhas chilenas. A luz parecia surgir do nada, como uma pegada fantasmagórica, e ela suspeitou que a galáxia estava “provavelmente muito longe e escondida por nuvens de poeira”, em suas palavras.

“Era algo muito misterioso, porque a luz parecia não estar ligada a nenhuma galáxia conhecida”, disse Williams. “Quando vi que esta galáxia era invisível em qualquer outro comprimento de onda, fiquei muito empolgada, porque significava que provavelmente estava muito longe e escondida entre nuvens de poeira”.


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Essas gigantescas nuvens de poeira são as responsáveis por esconder a luz das estrelas, tornando a galáxia completamente invisível. No entanto, cientistas acreditam que partículas dessa poeira foram aquecidas pelas estrelas que se formam nas profundezas de uma galáxia jovem, o que resultou em um brilho quente, permitindo a emissão do sinal que chegou até nós.

A Universidade do Arizona divulgou a notícia na terça-feira (22), descrevendo a galáxia como “monstro”, “animal”, “fantasmagórica”, tal qual “um Yeti [o Abominável Homem das Neves] cósmico”. O comunicado explica que essa metáfora é usada porque a comunidade científica geralmente “considerava essas galáxias um folclore, por causa da falta de evidências de sua existência”.

Por conta dessas características, a nova galáxia recebeu o apelido carinhoso de Yeti. Uma animação simula como pode ser a aparência dessa galáxia, com nuvens de gás iluminadas pela atividade de formação de estrelas.

Ivo Labbé, astrônomo e co-autor do estudo, afirma que a “Yeti” é uma “monstruosa galáxia massiva”, que possui “tantas estrelas quanto a Via Láctea, mas repleta de atividade, formando novas estrelas 100 vezes mais que a nossa própria galáxia”. A equipe estima que o sinal detectado pelo ALMA levou 12,5 bilhões de anos para chegar até a Terra. Se o Big Bang ocorreu há cerca de 13,7 bilhões de anos, estamos falando de uma galáxia que se formou durante a infância do universo.

A descoberta pode desencadear uma série de novos aprendizados sobre a formação de galáxias desse tipo durante os primeiros dias do universo. Para Williams, a “Yeti” é uma espécie de “elo perdido”. É que algumas das maiores galáxias surgidas no início do universo cresceram e atingiram a maturidade rapidamente, algo que a teoria ainda não consegue explicar. Além disso, elas costumam “aparecer do nada”, o que dificulta a compreensão sobre suas formações.

Mas a primeira pergunta que deve ser respondida é: a “Yeti” é única do seu tipo ou apenas uma dentre vários “Yetis cósmicos”? É possível que esses “monstros” sejam bastante comuns, e o telescópio espacial James Webb poderá ajudar a esclarecer essa dúvida. Seu lançamento está programado para março de 2021, e ele será capaz de investigar esses objetos com mais detalhes.

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Fonte: Canaltech

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