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Cientistas conseguem reduzir resistência de superbactérias aos antibióticos




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Um dos maiores desafios dos médicos atualmente tem sido enfrentar as chamadas “superbactérias” — assim chamadas por serem bastante resistentes a antibióticos, o que acaba impedindo a cura de muitas infecções que há poucas décadas seriam de simples resolução. Mas uma recente descoberta de cientistas dos Estados Unidos pode trazer esperança para os que sofrem com infecções do tipo.

Segundo um estudo de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte (UNC), foi descoberto que, ao se introduzir ramnolipídeos em um antibiótico do tipo aminoglicosídeo (usados principalmente para tratamentos de doenças como tuberculose e conjuntivite bacteriana), esses remédios se tornam mais eficazes contra bactérias do tipo Staphylococcus aureus, causadoras de doenças como tuberculose, meningite e endocardite.

A descoberta é importantíssima porque o S. aureus é uma das “superbactérias” mais resistentes do mundo, e consegue ignorar praticamente todos os tipos de antibióticos conhecidos pelo homem. O estudo, que foi publicado na revista Cell Chemical Biology, descobriu que o ramnolipídeos conseguem tornar mais permeável a membrana externa das células dessas bactérias, o que facilita a penetração do princípio ativo dos antibióticos, que acessam seu núcleo e as destroem.


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Para Brian Conlon, um dos líderes do estudo, a descoberta de um modo de deixar essa bactéria mais suscetível a antibióticos é algo que pode mudar a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. Segund o Centro para Controle de Doenças dos Estados Unidos, em 2017, mais de 20 mil pessoas morreram no país apenas naquele ano por conta de infecções provocadas pelo S. aureus.

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Como o S. aureus é uma bactéria que sofreu diversas mutações ao longo dos anos, existem hoje diversas versões da mesma bactéria que possuem diferentes tipos de resistência. O tratamento do antibiótico com a inclusão de ramnolipídeos foi testado contra diversas dessas bactérias, e descobriu-se que ele é efetivo contra espécies anaeróbias que possuem resistência a penicilina e tobramicina. Superbactérias, além de tudo, são persistentes porque possuem uma taxa de reprodução muito lenta. Isso faz com que elas continuem existindo no organismo, mesmo depois de aparentemente terem sido eliminada pelo tratamento com antibióticos, o que causa recidivas.

Antibióticos com aditivos

Segundo Lauren Radlinski, um dos pesquisadores envolvidos na descoberta, ao utilizar os ramnolipídeos, uma dosagem do antibiótico tobramicina — que até então era completamente inútil no combate à bactéria — passou a ser o suficiente para rapidamente acabar com uma infecção. Os pesquisadores testaram a inclusão dos lipídeos em diversos outros tipos de antibióticos, que até então eram fracos demais para combater uma infecção pelo S. aureus (como a gentamicina, amicacina, neomicina e canamicina) e todos eles tiveram seu poder de ação potencializados contra a bactéria.

Outra descoberta garante um aumento de potência não-exclusivo contra as bactérias do tipo S. aureus, mas também contra outras espécies, como a C-diff — uma das maiores responsáveis pelas infecções hospitalares que todos os anos matam milhares de pacientes, sobretudo os idosos.

O próximo passo dos cientistas, agora, é estudar mais a fundo os próprios ramnolipídeos. Isso porque, assim como as bactérias, eles também possuem diversas variações, e é preciso definir se são todas elas ou apenas algumas que possuem esse efeito de potencialização nos antibióticos — e ainda garantir que o uso dessas substâncias nos remédios não trará nenhum efeito indesejado ao corpo humano.

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Fonte: Canaltech

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