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Cientistas descobrem água na atmosfera de exoplaneta a 110 anos-luz da Terra




Cientistas descobrem água na atmosfera de exoplaneta a 110 anos-luz da Terra - 1

Usando dados obtidos pelo telescópio espacial Hubble, cientistas detectaram vapor de água e possivelmente nuvens de chuva na atmosfera de um exoplaneta localizado a cerca de 110 anos-luz da Terra. Este mundo, descoberto em 2015, fica na zona habitável de sua estrela, e é possível que exista até mesmo chuva por lá.

Batizado de K2-18b, o planeta orbita perto o suficiente de uma estrela anã vermelha para receber a mesma quantidade de radiação que a Terra recebe do nosso Sol. Björn Benneke, professor do Instituto de Pesquisa sobre Exoplanetas da Universidade de Montreal, disse que “de certa forma, esse é o ‘Santo Graal’ do estudo de planetas extrasolares”, referindo-se às evidências de água líquida e até mesmo de nuvens que produzem chuva.

Este estudo foi publicado na última terça-feira (10) no arXiv.org. Já na quarta-feira (11), um segundo estudo, de uma outra equipe de pesquisa, foi publicado na revista Nature Astronomy, também para anunciar a descoberta de vapor de água na atmosfera do K2-18b.


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A equipe por trás da descoberta desenvolveu algoritmos e analisou dados arquivados do Hubble de 2016 e 2017. Eles analisaram a luz da estrela anã vermelha que passava pela atmosfera do exoplaneta, e descobriram ali a assinatura molecular da água, além de hidrogênio e hélio.

O Dr. Angelos Tsiaras, responsável pelo segundo estudo, disse que o “K2-18b não é ‘Terra 2.0’, pois é significativamente mais pesado e tem uma composição atmosférica diferente; no entanto, isso nos aproxima de responder à pergunta fundamental: a Terra é única [a abrigar água dessa maneira]?”

Se você imaginou que existe a possibilidade de que este mundo seja habitável, você pode estar certo. Além da presença de água na atmosfera, ele também está na zona habitável de sua estrela, o que é outro critério para considerar a chance de que haja alguma forma de vida habitando ali. Mas as coisas não são tão simples, porque a atmosfera do K2-18b é extremamente espessa e cria condições muito altas de pressão, o que “provavelmente impede que a vida como a conhecemos exista na superfície do planeta”, segundo Benneke.

Mas isso não significa que não exista nenhuma forma de vida por lá. Vênus, por exemplo, é um planeta cuja superfície não pode hospedar nenhum ser vivo, mas há suspeitas de que algumas formas microbióticas de vida prosperem nas suas nuvens. No caso do K2-18b, “certamente não há nenhum animal rastejando” ali, disse Benneke, porque o planeta tecnicamente não tem uma superfície — ele é uma grande camada de gás que cerca um núcleo talvez rochoso.

Ainda assim, pode ser que haja formas de vida diferente das que conhecemos em meio a essas nuvens. Segundo o estudo publicado na Nature, a atmosfera pode conter nitrogênio e metano, dois elementos associados à vida. Ainda não foi possível detectá-los, mas estudos futuros podem confirmar a hipótese, e também poderão estimar características mais detalhadas, como a porcentagem de água na atmosfera.

Outro aspecto estranho desse planeta é o ciclo da água, que é diferente do nosso devido à falta de superfície. A chuva não se acumula no planeta, mas à medida em que ela percorre o gás espesso que cerca o núcleo do K2-18b, a água fica bem quente e se evapora, o que a leva de volta para as nuvens. Lá, a água se condensa e cai novamente.

Benneke sugere que, possivelmente, este planeta se formou com rochas que acumularam imensas quantidades de gás “como um aspirador de pó”, enquanto se aglutinaram para formar o núcleo. Essa acumulação de gás teria aumentado o volume do planeta em oito vezes. Para fins de comparação, o K2-18b é cerca de nove vezes mais massivo do que a Terra, e duas vezes maior.

A equipe responsável por esse estudo planeja prosseguir com suas descobertas e entender ainda mais sobre o K2-18b com o telescópio espacial James Webb, da NASA, que deve ser lançado em 2021. Benneke acredita que esse tipo de pesquisa os levará ao objetivo final de “ser capaz de estudar planetas realmente parecidos com a Terra”.

Esses resultados ainda precisam ser confirmados, mas podem trazer implicações significativas. Os cientistas acreditam que super-Terras são o tipo mais comum de planetas na Via Láctea, e estrelas anãs vermelhas como a K2-18 são o tipo mais comum de estrelas em nossa galáxia. Ou seja: deve haver muito mais exoplanetas semelhantes a este para se observar e estudar.

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Fonte: Canaltech

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