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Como começar a fazer lives de games? Facebook, Twitch e YouTube respondem




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Você já comprou sua câmera, baixou seu jogo favorito, colocou o microfone na posição ideal e está pronto para começar a transmitir. Resta, então, uma última pergunta: qual plataforma é a ideal para fazer isso? Onde começar e, principalmente, qual o serviço que oferece maior condição de sucesso, fama, dinheiro e glória? Essa é uma pergunta difícil e com resposta complexa.

O mundo do streaming de games é cão, como era o da televisão antigamente, mas com uma diferença clara, para o bem e para o mal: todos têm como colocar sua voz no ar. Por um lado, isso significa que, literalmente, qualquer um pode começar a fazer streaming, mas também resulta em uma gigantesca quantidade de gente transmitindo a mesma coisa simultaneamente, transformando a busca por audiência em uma batalha campal da qual só alguns sairão vitoriosos.

Por isso, antes mesmo de apertar o botão para começar a transmitir, é importante entender o que você pode oferecer de diferente em relação ao que já está sendo feito por aí. Essa é a principal dica de Alessandro Sassaroli, diretor do YouTube Gaming para a América Latina: “Cada vez mais pessoas fazem live e plataformas surgem o tempo todo. É o que você oferece a mais que fará com que as pessoas fiquem no seu canal.”


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Palco do YouTube Gaming na BGS reuniu produtores de conteúdo em atividades e desafios, além de papos sobre como trabalhar e ter sucesso na plataforma (Imagem: Reprodução/Felipe Demartini)

Os números apoiam essa ideia. De acordo com a plataforma, a cada dia 200 milhões de pessoas em todo o mundo vêm ao YouTube para consumir conteúdo de games. Ao mesmo tempo, temos dezenas de milhões de criadores oferecendo esse tipo de material, uma quantidade absurda que dificulta muito a diferenciação e, principalmente, a descoberta de criadores proeminentes. Porém, existem caminhos para diferenciar o joio do trigo, na visão de Sassaroli.

Em entrevista ao Canaltech, o executivo explica que o conhecimento sobre o que está sendo feito, como trabalhar com uma live e a construção da audiência são maneiras de encontrar esse diferencial. Vem daí o investimento do YouTube em uma série de ferramentas educacionais que estão disponíveis para canais de todos os tamanhos e tipos, a partir de uma interface dedicada a auxiliar os criadores de conteúdo que estão começando a entender o funcionamento da plataforma, seus sistemas de monetização e, principalmente, como fazer uma transmissão de sucesso.

Essa área especializada é a Escola de Criadores, com conteúdos criados pelos especialistas em educação do próprio YouTube. Com conteúdos em vídeo, artigos de perguntas e respostas ou outros artifícios, a ideia do espaço é não apenas entregar o necessário para quem está começando, mas também buscar o aperfeiçoamento daqueles que já têm experiência. Os tutoriais, explica Sassaroli, vão desde o básico “como transmitir ao vivo” até ferramentas diferenciadas, sejam aquelas voltadas especificamente para jogos ou não. Lá, o usuário também encontra dicas de integração com outras plataformas e configurações de software.

“Esse lugar também serve para que o criador dê atenção ao tipo de conteúdo que está colocando ao vivo”, continua o executivo. Aqui, ele chama a atenção para questões como conteúdos protegidos por direitos autorais ou materiais que infrinjam os termos de uso do YouTube. “Nossa ideia é garantir que a pessoa não apenas produza, mas também tome cuidados básicos com o que está transmitindo”, completa.

Buscando o holofote

Sassaroli também aponta para o lado positivo de tamanha população transmitindo no YouTube, que é a possibilidade de aprender com os outros. O aprendizado, novamente, é a chave aqui, mas o executivo também indica a observação como um caminho para o sucesso. “O YouTube é a maior plataforma de vídeos do mundo e, acompanhando a live dos criadores de sucesso, dá para aprender sobre formatos e ideias que estão dando certo”, completa.

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Para YouTube, a grande população de criadores de sucesso na plataforma e sua posição como maior do mundo também pode servir de laboratório para quem está começando (Imagem: Reprodução/Felipe Demartini)

O mesmo também vale para o que está sendo feito pelos canais oficiais. O diretor destaca a presença massiva de empresas como Ubisoft e Riot Games no YouTube, com uma produção regular de conteúdo que também pode servir de guia para quem está na outra ponta. “Aprender com quem já está estabelecido sempre é uma boa maneira de encontrar o próprio caminho”, completa ele.

Sassaroli também cita duas palavras para quem já tiver um canal estabelecido ou, pelo menos, já tenha configurado seu espaço e está pronto para começar: hábito e frequência. Ter consistência, explica ele, é importante para garantir que as pessoas retornem à produção, enquanto avisar o que vai acontecer nos próximos dias e semanas em redes sociais e outras plataformas também aparece como fator essencial para garantir não apenas os números de audiência, mas também a permanência.

“Os grandes canais de televisão avisam o público sobre uma transmissão ao vivo de partida de futebol, por exemplo”, compara. “É preciso avisar horário, data e o que vai acontecer, mesmo para times com década de existência. Ainda, dá para adicionar uma certa dramaticidade para instigar quem vai assistir ao jogo. O mesmo vale para o YouTube.”

O investimento em educação também faz parte das diretrizes da Twitch para 2019. Uma das principais novidades para esse final de ano é o Studio, um sistema que já está em estágio Beta e oferece informações técnicas para quem está começando. Lá, estarão disponíveis tutoriais para transmissão, personalização de canais, integrações e o uso de ferramentas que incrementam as lives e ajudam a atrair mais público.

A plataforma também possui sua própria escola de criadores, o Creator Camp, com materiais já disponíveis sobre diretrizes, melhores práticas e criação de marca. Entretanto, para Wladimir Winter, diretor de conteúdo e parcerias da empresa no Brasil, o que realmente chama a atenção na Twitch é a conexão criada entre diferentes criadores. E essa, aponta ele, é a melhor maneira de crescer.

“O que um streamer deve evitar é se isolar dos outros. Eles sempre devem colaborar e apoiar uns aos outros, o que acaba refletindo nos resultados de todos”, afirma em entrevista ao Canaltech. Por isso, ele ressalta ferramentas exclusivas da Twitch como o Squad Stream, que permite a transmissão simultânea de até quatro criadores em uma mesma interface, de forma que o público de um possa conhecer os trabalhos dos outros. Inscrições, apoios e chats também são integrados, o que facilita a permanência uma vez que a exibição múltipla chega ao fim.

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A comunidade é tudo para a Twitch, com encontros e colaborações acontecendo ao vivo no estande da empresa na BGS 2019 (Imagem: A Casa do Cogumelo)

Winter também ressalta o fato de, apesar de ser uma plataforma essencialmente voltada para lives, o trabalho na Twitch não começa nem termina quando se está ao vivo. Outro fator de descoberta são os Highlights, os melhores momentos de uma transmissão ao vivo, que ficam disponíveis no canal para visualização offline e são amplamente compartilháveis, constituindo uma boa maneira de espalhar a palavra em outras redes sociais. “É importante que os criadores definam e construam sua própria comunidade em torno do conteúdo”, completa Winter.

Apoio “que vem do céu”

O mundo do streaming ao vivo pode ser complexo e cheio de perigos para quem está começando e isso também pode valer para plataformas com anos de atuação online e supremacia. O Facebook é a maior rede social do mundo, mas no mundo da transmissão de jogos chega como uma novata, com apenas um ano e meio de atuação dedicada, para bater de frente como rivais bem mais estabelecidos. E isso também acabou refletindo no contato da empresa com a comunidade de criadores.

Ao levantar seu próprio sistema para jogos, a rede social também deu amplo destaque às relações com os criadores. E como ressalta William Pimenta, gerente de parcerias do Facebook Gaming, não se trata apenas de trazer grandes talentos para a plataforma, como também garantir a descoberta de gente ainda pequena, mas com amplo potencial para crescer. “Parte do meu trabalho é fomentar a nova geração de streamers para compor a oferta de conteúdo da plataforma”, conta.

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Facebook Gaming levou seu produto para a BGS, com streamings rolando o tempo todo e um amplo espaço para contato com os criadores (Imagem: Divulgação/Facebook)

De acordo com o executivo, toda a plataforma foi criada com foco no feedback dos produtores de conteúdo, e isso vai desde a estabilidade de conexão e qualidade da transmissão até os sistemas de recompensa, que garantem lucros para os criadores e benefícios para a audiência. Estrelas, de um lado, garantem as doações e os ganhos financeiros, enquanto aqueles que participam bastante recebem stickers e badgets que indicam sua posição como um super fã de uma determinada personalidade.

“No Facebook Gaming, os criadores sabem que quem está os assistindo são pessoas de verdade”, aponta Pimenta, ressaltando não apenas um aspecto relacionado à segurança, mas também ligado à relação entre as pessoas. Foi daí quer surgiram as iniciativas de gamificação de contribuições, apoios e participação, que motivam cada vez mais engajamento e geram benefícios para todos os envolvidos.

Fora das câmeras, os criadores também contam com dois programas diferentes de especialização e melhoria. O primeiro deles é o Level Up, disponível para produtores de conteúdo que cumpram requisitos simples, mas que servem para que o Facebook saiba exatamente quem está levando a plataforma a sério. Têm acesso a ele todos que transmitirem pelo menos quatro horas ao longo dos últimos 14 dias e tenham pelo menos 100 curtidas na página usada para as transmissões.

“Essa é a porta de entrada para o Facebook Gaming, que dá acesso a um grupo para compartilhamento de informações oficiais e também networking entre criadores”, explica Pimenta. Além disso, todos têm acesso a uma plataforma educacional dedicada aos produtores de conteúdo para games, com guias de uso, cadastros para inclusão nos programas de fomento e guias de melhores práticas e tutoriais.

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Facebook Gaming trabalha de perto com criadores de renome, mas também tem programas de aceleração e aprendizado para produtores de conteúdo a partir de 100 seguidores (Imagem: Divulgação/Facebook)

A segunda etapa na “escadinha” é um programa de criadores gerenciados, que passam a ter um contato ainda mais próximo com o Facebook para que continuem crescendo. E essa iniciativa vem sendo vista com ótimos olhos pela plataforma, que não fala em números específicos, mas aponta que 40% dos produtores com esse status atualmente surgiram a partir do Level Up. “Nossos criadores fazem um ótimo trabalho de inspirar a comunidade e isso acaba trazendo muito mais gente para esse mundo, o que nos orgulha bastante”, completa Pimenta.

Esse processo de gamificação e adição de novos elementos ao ato de assistir ou jogar vídeo game ao vivo também faz parte do trabalho da Twitch, que destaca o suporte aos criadores como seu principal trunfo. “A comunidade é o que torna [nossa plataforma única]. As pessoas estão aqui para conhecer outras que têm pensamento semelhante e fazer amigos”, afirma Winter. Cria-se, assim, o que o executivo chama de um sentimento de pertencimento, um grande responsável pelo aumento no engajamento.

O serviço incentiva esse aspecto com emojis especiais, seções de destaque a criadores de conteúdo de todos os tamanhos e também um foco em streamers locais, bem como nos títulos em ascensão e naqueles que estão na crista da onda. Tudo isso resulta no que a plataforma chama de entretenimento multiplayer. “Experiências únicas são criadas ao vivo e de forma imprevisível a partir de interações compartilhadas por milhões de pessoas. É um gênero pioneiro da Twitch”, completa.

Incertezas e feedback

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Eventos globais como o YouTube NextUp servem para aproximar plataforma e criadores, além de dar oportunidade de networking para os produtores de conteúdo (Imagem: Divulgação/YouTube)

As ferramentas educacionais também são importantes para as plataformas na hora de anunciar mudanças nas políticas. O YouTube, principalmente, sofre com uma noção de que suas regras podem ser alteradas a qualquer momento, com regras arbitrárias que podem minar um trabalho de anos em apenas alguns dias. O resultado é a sensação de desconforto e temor sobre as quais o serviço diz estar ciente.

“Estamos trabalhando para tornar as coisas que estão acontecendo cada vez mais claras para a comunidade, seja por meio de produção de conteúdo por nossas lideranças ou canais de acesso diretos”, explica Sassaroli. Ele também aponta a criação de um novo espaço dentro do estúdio de criação onde comunicados e alterações importantes estarão disponíveis a criadores de todos os tamanhos. “As pessoas podem não acessar redes sociais ou blogs oficiais. Mas todos que produzem para o YouTube usam esse painel, o que o tornou a melhor forma de alcançar todos de forma semelhante”.

Tais elementos também contam com o feedback da própria comunidade, seja por meio de eventos voltados para os criadores, monitoramento de redes sociais ou iniciativas como as vistas na própria BGS 2019, em que os estandes dos serviços serviam não apenas como peças de divulgação das marcas, mas também espaços para receber os criadores e promover um contato direto entre eles e os executivos que mandam no jogo.

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Além de programas educacionais, Facebook Gaming também promove torneios amistosos entre os criadores de alguns dos principais jogos da atualidade (Imagem: Divulgação/Facebook)

“Nossos guias de melhores práticas surgiram do bate-papo com criadores”, conta Pimenta. Ele também ressalta que essa conversa próxima acontece não apenas em eventos como a BGS, mas também em iniciativas do próprio Facebook Gaming como o Creators Day, que traz ciclos de palestras e incentiva o networking entre executivos da companhia e produtores de conteúdo. “Também estamos aprendendo a trabalhar nesse meio e essa proximidade é muito importante”.

Afinal de contas, da mesma forma que a comunidade é o segredo do sucesso para qualquer criador de conteúdo em formação, as próprias plataformas jamais iriam para a frente sem as pessoas consumindo e criando conteúdo.

O que nos leva de volta à pergunta que abre este artigo: afinal de contas, qual a melhor plataforma para começar a seguir o caminho para o sucesso? Da mesma forma que abrir uma live e construir audiência não é tarefa simples, essa também não é uma questão de resposta fácil, mesmo para executivos e criadores com experiência.

O senso de comunidade leva canais, criadores e o público adiante. Todas elas possuem ferramentas educacionais, guias e programas de parceria que ajudam os criadores a irem para a frente, mas no final das contas, cabe a cada um encontrar sua galera na plataforma mais adequada. E, em uma coisa, os representantes da Twitch, YouTube e Facebook Gaming concordam: é preciso colocar o pé na água e começar a fazer para que esse descobrimento aconteça.

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Fonte: Canaltech

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