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Conheça a história por trás das armas e armaduras da série The Witcher




Conheça a história por trás das armas e armaduras da série The Witcher - 1

No último dia 20 de dezembro, estreou na Netflix a série The Witcher, onde somos apresentados a um mundo de fantasia cheio de monstros, magias e intrigas políticas. Baseado nos livros de Andrzej Sapkowski, a série possui muitas semelhanças com outras obras de fantasia, como Game of Thrones. Mas, por ser uma obra baseada em lendas escandinavas e do leste europeu, muitos dos designs usados nas armaduras e armas desses personagens não se parecem com aquilo que estamos acostumados em ver em obras de fantasia medieval como O Senhor dos Anéis e os filmes do Rei Artur. Isso porque estes últimos costumam se utilizar de uma noção centro-européia de Idade Média, focado quase que exclusivamente nas armas e armaduras usadas na França, Inglaterra e Alemanha.

Para entender melhor porque as roupas, armaduras e armas de The Witcher parecem tão diferentes do que estamos acostumados, Nick Jeffries, o supervisor de armamentos da série, nos explica de onde saiu a inspiração para as diferentes armas e armaduras que vemos ao longo dos episódios.

Entendendo o mundo de The Witcher

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De modo geral, o mundo onde a série The Witcher se passa pode ser comparado com a Europa do fim da Idade Média, algo entre os anos de 1400 e 1450 D.C. Assim como o período real da Idade Média europeia, o mundo da série é brutal e cheio de mortes – seja pela guerra, por doença ou pela fome. A vida neste período nunca foi fácil para ninguém e, na série, sobreviver é ainda mais complicado, pois a presença de monstros constitui um novo tipo de ameaça ao cidadão que morava nas vilas e nos castelos.


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Assim, a maior parte das armas e armaduras utilizadas na série são baseadas em armas e armaduras reais que era utilizados por países europeus no século XV. Mas, como esta é uma série de fantasia, havia a liberdade para sair um pouco desse período, e Jeffries revela que em diversos momentos voltou até 1000 anos no tempo para buscar inspiração para as peças usadas pelos personagens.

No geral, tudo o que os personagens vestem e usam na série foi baseado em peças de museu e livros de referência misturados com um toque da imaginação de Jeffries, que precisa repensar essas peças medievais reais para um mundo onde monstros e magia eram algo comum. Por isso mesmo, houve uma liberdade para se buscar inspiração não somente no período medieval europeu, mas também na Índia, no Oriente Médio e no norte da África. Essa influência do Oriente é visto principalmente nas roupas dos magos, já que eles são seres que podem viver durante milhares de anos por conta de seu controle de magia, e por isso faz sentido a vestimenta deles ser inspirado em civilizações mais antigas que a europeia.

Armando os exércitos

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Como em qualquer história medieval, The Witcher possui diversos reinos e povos diferentes, cada um com uma tradição e cultura próprias e, por isso mesmo, também um estilo próprio na hora de se vestir.

Por exemplo, Cintra e Temeria – dois dos maiores reinos do Norte que aparecem na primeira temporada da série – são culturas que se parecem exatamente com aquilo que nos vêm a cabeça quando pensamos em “Idade Média”. Por isso, ambos têm seus equipamentos todos inspirados no que era possível encontrar em um castelo europeu no século XV. Os guerreiros desses reinos utilizam armaduras clássicas de cavaleiros, com uma clássica espada longa (com lâmina em ambos os lados e uma ponta para perfuração) e uma arma de haste (normalmente uma lança ou alabarda). Os guerreiros destes reinos foram criados para ser cavaleiros medievais clássicos e, por isso, são aqueles que causam menos estranhamento quando aparecem em tela.

Esse mesmo tipo de design também foi usado para os guerreiros de Kaedwen, outro dos grandes reinos do Norte. Mas, como este é um reino que fica numa região mais fria, Jeffries resolveu que um bom toque para indicar isso seria incorporar um uso maior de peles no design das armaduras, como forma de mostrar ao público que esses são guerreiros acostumados a lutar no frio.

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Soldados de Nilfgaard são os mais brutais em The Witcher (Captura: Rafael Rodrigues/Canaltech)

O mesmo não pode ser dito dos guerreiros de Nilfgaard. Esse reino, conhecido por estar sempre em guerra e por ter uma situação política instável, onde o Rei está sempre sendo deposto por um golpe de estado, não possui uma ordem de cavalaria, e o exército dele não é formado de guerreiros disciplinados, mas de mercenários atrás de fortuna – basicamente qualquer pessoa que queira ganhar uma grana matando pessoas e pilhando cidades é aceita no exército de Nilfgaard.

Por isso, os soldados utilizam como armas uma faca, um falchion (uma espada meio curva e com lâmina em apenas um lado, criada durante as Cruzadas como uma resposta dos cavaleiros europeus às cimitarras dos guerreiros do Oriente Médio), uma glaive (uma arma de haste parecida com uma lança, mas que ao invés de uma ponta em forma de seta possui uma lâmina parecida com a de um falchion) e um enorme machado, que pode ser usado para cortar pessoas ao meio.

A principal diferença de uma espada como o falchion com uma espada clássica de cavaleiro está na lâmina: enquanto a espada clássica possui uma lâmina reta e robusta, com corte em ambos os lados e uma ponta em forma de “seta” feita para facilitar a perfuração, o falchion possui uma lâmina ligeiramente curva, com fio de corte em apenas um dos lados – e, por isso mesmo, não são recomendadas para golpes de estocada, já que por um dos lados da lâmina não ter corte a espada não desliza com facilidade para fora do corpo do inimigo.

Para que possa ter corte em ambos os lados da lâmina, é necessário que se utilize uma quantidade maior de metal na fabricação da espada, o que torna as espadas de cavaleiros bem pesadas. Assim, cada uma dessas armas foram feitas com um objetivo em específico: enquanto a espada de cavaleiro é ótima para se enfrentar outros cavaleiros, pois a ponta feita para estocadas e a lâmina dupla a tornam capaz de atravessar até mesmo armaduras de metal completas, o falchion é uma arma leve e desenvolvida para movimentos de corte, dando ao usuário maior velocidade de manejo ao enfrentar oponentes de armaduras mais leves (como as feitas a partir de couro) ou sem qualquer armadura.

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Soldado de Nilfgaard portando um falchion (Captura: Rafael Rodrigues/Canaltech)

Por isso, essas armas são perfeitas para o exército de Nilfgaard, que é uma força invasora que não respeita civis e mata qualquer soldado, mulher ou criança inimiga que passar na frente deles. Essa natureza mais brutal também pode ser vista em suas armaduras, que são todas pintadas de negro e têm uma textura que, de certa forma, lembra a pele de um monstro.

Outro povo que possui um design de roupas e armaduras bem diferente são os guerreiros de Skellige. Por ser um povo guerreiro e com muita experiência náutica, uma inspiração clara para eles são as vestimentas dos vikings – um caminho que foi trilhado pelo próprio jogo The Witcher 3. Mas, para a série, Jeffries resolveu trazer mais elementos do final do século XVIII, que foi quando a Europa estava no ápice de suas tecnologias navais. Assim, essa foi a grande inspiração para a obra da Netflix: usar os equipamentos de navegadores do fim do século XVIII e reinventá-lo de modo a parecer algo criado na Idade Média. Assim, os guerreiros dessa região usam roupas que lembram as ventimentas de piratas, mas reajustadas para algo que fizesse sentido com os materiais e técnicas de costura da Idade Média.

E a mesma coisa para as armas que carregam: uma versão estilizada de um cutlass (um sabre curto muito usado por piratas), um machado de mão e um pique (uma lança leve e de haste curta, perfeita para ser arremessada, que pode ser usada tanto como arma quanto para pescar). Todas as armas possuem também detalhes navais, como empunhaduras de escamas de peixe, o pomo na forma de uma cauda de peixe, de forma a deixar claro que essas são pessoas que vivem do e para o mar.

Armando os personagens

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Mas, claro, nem todos os guerreiros em The Witcher são soldados comuns de um exército, e aqueles que mais aparecem em tela precisam de uma equipamento que os destaque do restante dos guerreiros.

E o mais importantes desses é, sem dúvida nenhuma, o bruxo Geralt de Rivia. O protagonista, e maior guerreiro da série, carrega cinco armas em seu arsenal: duas espadas, uma corrente, um soco inglês e uma adaga. As duas espadas são as armas principais de Geralt e aquilo que marca ele como um bruxo, sendo uma de aço (na verdade, uma liga de aço desenvolvida a partir de um metal misterioso retirado de um meteorito, que torna a arma mais resistente e afiada do que uma espada de aço comum) que o bruxo utiliza quando precisa lutar com humanos ou elfos; e uma espada de prata, que é a arma usada pelo bruxo para caçar monstros, já que todas as criaturas sobrenaturais de The Witcher são vulneráveis ao metal.

Ambas as armas são conhecidas como “espadas de uma mão e meia”, ou pela denominação menos técnica de “espada bastarda”. Elas recebem este nome porque, assim como um filho bastardo, elas parecem não se encaixar em lugar nenhum, sendo muito pesadas e desengonçadas para se lutar empunhando-as em apenas uma mão, e se tornam muito leves e propensas a golpes erráticos se brandidas com ambas as mãos na empunhadura. Por isso, apenas os guerreiros mais habilidosos conseguem utilizar este tipo de arma, e o fato de Geralt carregar duas dessas o marcam como um espadachim de elite para qualquer pessoa conhecedora de esgrima.

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A “espada bastarda” é a arma principal de Geralt, que muda entre a empunhadura de uma e de duas mãos conforme a necessidade da luta (Captura: Rafael Rodrigues/Canaltech)

Além das espadas, também vemos Geralt utilizando em um dos episódios uma corrente e um soco inglês para combater uma Estriga. Enquanto a corrente não possui qualquer tipo de característica marcante, sendo uma corrente simples de prata que ele usa para prender monstros, o soco inglês é um das armas mais bonitas do bruxo, e possui gravado em cada um de seus gomos o rosto de um lobo – um toque especial feito para combinar com Geralt, que é conhecido também como o Lobo Branco, e do qual Jeffries se sente muito orgulhoso. O personagem também utiliza uma adaga, que normalmente carrega escondida dentro da manga da camisa ou da bota, a qual utiliza como última opção de defesa. A adaga possui alguns chanfros na lâmina, que podem ser usada pelo bruxo para aparar um golpe de espada e, com um movimento de dobra, forçar a lâmina até ela quebrar, deixando seu adversário desarmado.

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O soco inglês de Geralt é uma das armas mais bonitas da série (Captura: Rafael Rodrigues/Canaltech)

Outra personagem interessante é Renfri, que aparece no episódio piloto da série e é uma espécie de versão mais violenta da Branca de Neve. Renfri utiliza basicamente duas armas bem parecidas: uma adaga com empunhadura de osso e um rubi no lugar do pomo, e uma espada curta, de cerca de 53cm, com o mesmo design. Como Renfri é uma lutadora que se utiliza mais de sua velocidade do que da força física, a espada curta permite que ela utilize alguns golpes diferentes, que deixam a lâmina fluir livremente e se aproveitam desse movimento para aumentar a força do próximo golpe – algo que seria impossível de fazer com uma lâmina maior, que precisaria ser detida antes de completar todo o arco caso o espadachim não queira se ferir com um golpe de sua própria espada.

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Renfri usando uma refém como escudo (Captura: Rafael Rodrigues/Canaltech)

Quem também tem um certo destaque na série é a rainha Calanthe de Cintra, que se mostra importante tanto para a história de Geralt quanto para a de Ciri. Apesar de ser uma rainha guerreira, Calanthe não possui um equipamento muito diferente de seus soldados, e carrega uma espada e uma adaga comuns a todos os guerreiros daquele reino. A única diferença no equipamento dela está na armadura, que possui uma maior capricho de detalhes, mas apenas o suficiente para deixar claro que, no campo de batalha, aquela é uma pessoa que está no comando. Outro detalhe que Jeffries gosta muito é o fato dela utilizar um elmo de batalha que esconde todo o rosto. O objetivo é que, durante uma luta, ninguém veja que se trata da rainha ali, o que a coloca em pé de igualdade com todos os outros guerreiros que também arriscam suas vidas no campo de batalha.

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A rainha Calanthe de Cintra (Captura: Rafael Rodrigues/Canaltech)

Outras personagens interessantes são as guarda-costas zerrikanianas Tea e Vea, que utilizam espadas bem diferentes de todos os outros personagens da série. A espada delas possui uma lâmina em formato de folha (invés de reta, a lâmina possui uma espécie de “corpo violão”, com a lâmina tendo uma parte no centro dela, que é mais estreita do que o resto), com duas cabeças humanas no pomo – uma raivosa e uma calma – e duas cabeças de dragão em cada ponta da guarda – uma com a boca aberta, como se estivesse expelindo fogo, e outra com a boca fechada.

A espada delas não tem uma lâmina muito grande, e foram desenvolvidas para serem rapidamente tiradas da bainha que carregam nas costas, de forma a permitir que o movimento de sacar a arma já funcione também como o primeiro golpe, pegando seus oponentes de surpresa e garantindo a vantagem na batalha. Por serem do misterioso reino da Zerrikânia, a armadura delas também é bastante diferente daquilo que estamos acostumados a ver em histórias medievais, sendo inspirada nas usadas por guerreiros egípcios.

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As guarda-costas zerrikanianas Tea e Vea (Captura: Rafael Rodrigues/Canaltech)

Como podemos ver, o mundo de fantasia de The Witcher é um enorme amálgama de culturas variadas, pertecentes à civilizações de diversas partes do mundo, fugindo daquele tipo de cenário eurocentrista que é tão comum a obras deste tipo. Essa diversidade só serve para tornar o universo da série ainda mais mágico e completo, e qualquer fã deste tipo de conteúdo já pode acessar desde já todas as mais de oito horas de conteúdo da primeira temporada ,disponíveis na Netflix.

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Fonte: Canaltech

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