O novo coronavírus (SARS-CoV-2) é uma ameaça que se alastra com muita velocidade e em todos os cantos do mundo. Acompanhar sua progressão não é uma tarefa fácil, mas é extremamente necessária, principalmente para que as autoridades de saúde e governantes possam ter referências de dados na busca por ações de prevenção e combate à pandemia. Além do Worldometer, o portal da Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos, é um dos sites mais consultados para isso, com mais de 1 bilhão de acessos por dia. E quem está por trás desse trabalho? Como ele é feito?
As respostas começam com a estadunidense Lauren Gardner, codiretora do Centro para Ciências de Sistemas de Engenharia da Universidade de John Hopkins. Especialista em modelagem espacial, ela trabalhou com informações de epidemias anteriores, como as de zika e sarampo. Quando o surto inicial em Wuhan, na China, já mostrava que poderia escalar para algo maior, ela passou a monitorar a situação.

“Meu aluno de pós-graduação Ensheng Dong, que é chinês, estava pessoalmente interessado. Em algumas horas, construímos o painel original. E no dia seguinte [22 de janeiro] eu compartilhei no Twitter, e o site viralizou”, conta Lauren em entrevista à BBC. Os trabalhos começaram, basicamente, com seis pessoas e contaram inicialmente com apoio da universidade. “Por mais de dois meses, estávamos tentando tomar decisões sobre onde coletar dados, quais dados eram confiáveis, como agregá-los, validá-los. Inicialmente, fizemos tudo manualmente. Agora, quase tudo é automatizado com várias verificações cruzadas”, explica.
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Para chegar aos resultados, Lauren diz que agrega automaticamente informações de diferentes fontes, com atualizações de hora em hora, inclusive com a contagem para evitar casos duplicados. Embora não tenha detalhado exatamente quais são as fontes, é provável que ela use um cruzamento de dados das redes médicas com informações oficiais de governos, entre outras.
“O painel é atualizado automaticamente a cada hora. Também estamos em um turno rotativo de 24 horas para questões como servidor e curadoria de dados. Por exemplo, temos um estudante de doutorado que mora na Inglaterra e que inicia o nosso turno pela manhã (por causa do fuso)”, acrescenta.
Congestionamento em servidores e polêmicas
A precisão e urgência com que os dados são registrados transformaram o site em uma das principais, senão a maior, referência sobre número de pessoas infectadas, mortes diárias e recuperações durante o momento em que vivemos. Isso tornou a página muito acessada, levando a um congestionamento.
“Estávamos explodindo os servidores da Amazon com toda a demanda. Agora, o Laboratório de Física Aplicada [na Hopkins] ajuda na curadoria e na tecnologia de dados de back-end. A Esri, empresa que possui o software de mapeamento, ajuda a gerenciar a plataforma. Os funcionários da Hopkins gerenciam a mídia e as comunicações. Mas o grupo ainda é muito menor do que deveria ser para o que estamos fazendo”, destaca.

Mesmo com todo esse esforço, que é quase todo voluntário, Lauren disse que ainda tem que lidar com questões geopolíticas. Isso aconteceu quando o site identificou Taiwan como uma nação independente da China, que considera o país como uma província rebelde. “As implicações geopolíticas têm sido estressantes e perturbadoras. Só quero relatar os dados que serão os mais úteis e adequados para as pessoas que estão tentando obter acesso a eles. O vírus não se importa com as fronteiras”, pontua.
Agora, com o site mais bem elaborado e automatizado, Lauren diz que deve manter os trabalhos ainda melhores nos próximos meses. “Quase 90% dos meus interesses e esforços estão concentrados na modelagem matemática em torno dessa doença. Estamos fazendo uma avaliação de risco em tempo real do que está acontecendo nos Estados Unidos, com o objetivo de fornecer esses resultados aos formuladores de políticas públicas”,complementa.
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Fonte: Canaltech