Em tempo de fake news, fica sempre o alerta: chequem as suas fontes. O caso mais recente disso veio pelas mãos do deputado federal Carlos Zarattini, do Partido dos Trabalhadores (PT-SP). O congressista postou um vídeo contendo supostas imagens do ataque de um drone americano a um comboio militar iraniano, que resultou na morte do general Qassim Suleimani, o segundo em comando da nação do Oriente Médio, na última sexta-feira, 3.
O problema: ainda que o vídeo retrate com certa fidelidade um ataque de drone militar, a circunstância do conteúdo é outra – trata-se do jogo AC-130 Gunship Simulator: Special Ops Squadron, disponível para smartphones Android e iOS, bem como tablets. “Massacre brutal. Veja como os drones americanos mataram o general iraniano Qassim Suleimani”, diz a mensagem do deputado”, dizia o tuíte do parlamentar.
Não demorou muito para que os internautas atentos chamassem atenção para o erro do deputado, com alguns acusando-o de proliferação de fake news. E como isso ainda é a internet, memes variados começaram a aparecer na rede social de microblogs.
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Pouco tempo depois, o deputado tirou o vídeo do ar, assumindo o engano: “Errei. Em meio a essa comoção que estamos vivendo com a escalada de guerra, publiquei um vídeo equivocado dizendo que era do ataque dos EUA no Iraque, quando na verdade era apenas um game. O vídeo era muito similar aos divulgados amplamente pela televisão. Na próxima vou ter mais cuidado e consultar a moçada antes de publicar. Abraços e feliz 2020 a todos”, ele publicou.
Errei. Em meio a essa comoção que estamos vivendo com a escalada de guerra, publiquei um vídeo equivocado dizendo que era do ataque dos EUA no Iraque, quando na verdade era apenas um game. O vídeo era muito similar aos divulgados amplamente pela televisão.
— Carlos Zarattini (@CarlosZarattini) 6 de janeiro de 2020
Realismo em demasia ou “Facepalm” coletivo?
Não é a primeira vez que imagens de um jogo de guerra virtualizado aparece nas manchetes como se fosse um episódio real: em 2017, o governo russo usou o mesmo vídeo veiculado por Zarattini para acusar os Estados Unidos de atuação em parceria com o Estado Islâmico. Tal qual a situação com o deputado brasileiro, a sempre imperdoável internet chamou a atenção da Rússia com memes e descontentamento.
Voltando um pouco mais no tempo, um documentário de 2012 produzido pela iTV usou imagens de um ataque de um tanque a um helicóptero, atribuindo a situação a um conflito entre o Exército Republicano Irlandês (popularmente conhecido como “IRA”), querendo aludir um suposto apoio recebido por eles pelo então ditador (e ainda vivo) da Líbia, Muammar al-Gadafi.
Só que o vídeo na verdade é uma cena de corte do jogo ArmA II.
O documentário acabou tendo sua veiculação vetada pelo governo do Reino Unido, sob justificativa de que ele usava “conteúdo baseado em desinformação”.
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Fonte: Canaltech