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Descongestionante nasal em comprimidos antigripais não faz efeito, diz FDA




Descongestionante nasal em comprimidos antigripais não faz efeito, diz FDA - 1

Nos Estados Unidos, um painel consultivo da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora do país análoga à Anvisa, decidiu unanimemente na última terça-feira (12) que um ingrediente comum usado como descongestionante nasal em remédios para gripe e afins não é eficaz — decisão que pode levar ao seu banimento. Estamos falando da fenilefrina, presente em centenas de produtos vendidos sem receita nos EUA e no Brasil, e cuja eficiência foi criticada especialmente em versões orais.

A questão é que a fenilefrina é um vasoconstritor, ingrediente usado para reduzir inchaço e inflamação, mas que funciona muito melhor em versões em spray nasal ou com aplicação direta nas vias aéreas. Segundo especialistas, isso não quer dizer que seja preciso jogar tudo que contenha a substância fora, já que ela não é nociva, e remédios com ela provavelmente possuem outros ingredientes, estes sim eficazes contra sintomas de gripe.

A fenilefrina está presente em uma miríade de medicamentos contra a gripe e rinite alérgica, com o objetivo de ser um descongestionante nasal — mas sua eficácia na administração oral está sendo questionada (Imagem: Mike Mozart/CC-BY-2.0)
A fenilefrina está presente em uma miríade de medicamentos contra a gripe e rinite alérgica, com o objetivo de ser um descongestionante nasal — mas sua eficácia na administração oral está sendo questionada (Imagem: Mike Mozart/CC-BY-2.0)

Nos EUA, é provável que as empresas corram para substituir ou remover a fenilefrina dos produtos antes que alguma restrição seja decidida. No Brasil, isso só aconteceria mediante avaliação própria da Anvisa.


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Por que descartar a fenilefrina?

A decisão da FDA acompanha novas pesquisas sobre o ingrediente, que no passado era considerado eficaz. Descobriu-se, no entanto, que sua ingestão oral permite que apenas uma pequena parte chegue às vias aéreas para cumprir o papel descongestionante.

A novidade fez com que cientistas da Universidade da Flórida pedissem pela remoção de medicamentos com fenilefrina junto à agência americana, que juntou os 16 membros do painel consultivo para trazer uma definição ao assunto, já discutido por anos.

Precedendo a decisão do órgão, o painel realizou uma revisão dos estudos sobre a fenilefrina em conferência entre segunda-feira (11) e terça-feira (12), chegando à conclusão de que o ingrediente não funciona melhor do que qualquer placebo quando administrado via oral. Entre as preocupações do FDA, está a de que pacientes utilizando algum remédio com fenilefrina estejam apenas adiando a procura por algo realmente útil e eficaz para a saúde.

Embora a eficácia de fenilefrina via oral não seja melhor do que a de um placebo, a administração via spray nasal ou gotas aplicadas nas vias aéreas ainda gera bons resultados — assim como em outros usos como vasoconstritora (Imagem: Freepik)
Embora a eficácia de fenilefrina via oral não seja melhor do que a de um placebo, a administração via spray nasal ou gotas aplicadas nas vias aéreas ainda gera bons resultados — assim como em outros usos como vasoconstritora (Imagem: Freepik)

Outro ingrediente usado em medicamentos contra a congestão nasal causada por condições como a gripe ou a rinite alérgica é a pseudoefedrina, que pode ser vendida sem receita, mas nos EUA é permitida apenas em doses limitadas e mantida longe do alcance de pacientes — isso porque a substância costumava ser usada em laboratórios ilegais de metanfetamina. Ela também causa alguns efeitos colaterais, como aumento da pressão sanguínea, tremedeiras e insônia.

A agência não avaliou produtos com fenilefrina administrada diretamente no nariz, como via spray e gotas, mas sua eficácia parece ser maior nesses casos, segundo estudos recentes. A substância também é eficiente para o uso em cirurgias e na dilatação dos olhos.

Por enquanto, a FDA apenas declarou a ineficiência da fenilefrina, e decisões proibindo ou restringindo seu uso podem demorar — até lá, movimentações empresariais e jurídicas devem ocorrer tanto para atrasar definições quanto para trocar ingredientes no mercado.

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Fonte: Canaltech

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