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Em operação complexa, sonda indiana pousará no polo sul da Lua nesta sexta (6)




Em operação complexa, sonda indiana pousará no polo sul da Lua nesta sexta (6) - 1

A missão Chandrayaan-2, lançada pela agência espacial indiana no dia 22 de Julho, fará o aguardado pouso na Lua nesta sexta-feira (6), entre as 16h e 17h (horário de Brasília). Se tudo der certo, o país entrará para a história da exploração espacial por ser o primeiro a levar um rover ao polo sul lunar. E não é só isso: o local tem potencial para se tornar um dos mais importantes na pesquisa sobre nosso satélite natural.

Para ser mais específico, o local de pouso será um planalto que se eleva entre duas crateras, chamadas Manzinus C e Simpelius N, a cerca de 600 quilômetros do polo sul. A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO), que supervisiona a missão, também possui um local “reserva” para o pouso. À medida em que desce rumo à superfície, a nave deverá pairar sobre o solo lunar antes de pousar, à procura do local designado, até ter certeza de que o encontrou.

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(Imagem: ISRO)

Para superar o atraso na comunicação, comum nas transmissões entre naves espaciais e controles terrestres, os cientistas programaram o lander para que consiga pousar em modo autônomo, sem precisar de operadores humanos na base indiana. Todas as decisões sobre quando e onde pousar serão tomadas pelo próprio lander, que reduzirá sua velocidade de 1,6 km/s para zero dentro de um intervalo de 15 minutos.


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É uma missão arriscada, é. verdade. Patrick Dasgupta, professor do departamento de física e astrofísica da Universidade de Délhi, relata que “simulações e testes suficientes foram feitos, mas ainda há muita incerteza envolvida. Mesmo se houver um pequeno erro de cálculo do sensor, todo o exercício será comprometido. Mesmo se houver uma pequena rocha ou pedra no local de pouso, ela poderá derrubar [o lander]”.

Essa é de longe a mais complexa missão da história da ISRO, de acordo com seu ex-presidente, G Madhavan Nair. Mas ele tem total certeza do sucesso da Chandrayaan-2: se a nave superar essas dificuldades e o pouso for tranquilo, o local se tornará o ponto mais ao sul da Lua a ser visitado na história.

Existe uma grande expectativa no país para esse evento. “Há um enorme valor simbólico associado a essa missão”, disse Pallava Bagla, co-autor de um livro sobre exploração espacial indiana e editor de ciências do canal de notícias indiano NDTV. “Isso é sobre orgulho nacional”, completa. De fato, a exploração espacial se tornou uma espécie de obsessão na Índia: em algumas cidades do país, há pôsteres da Chandrayaan-2 em outdoors gigantes, o que caracteriza ainda mais esse aspecto de orgulho nacional que a missão proporcionou.

A importância do local de pouso

Todos os locais de pouso escolhidos pela NASA durante as missões Apollo estão mais próximos do equador da Lua, no lado mais perto de nós, onde é mais fácil e seguro pousar. A missão Chang’e-4, da China, a primeira espaçonave a pousar no lado afastado da Lua, também escolheu um ponto mais próximo do equador.

Isso pode inclusive ter distorcido o entendimento dos cientistas sobre as amostras que os astronautas trouxeram de volta. É que quando uma característica aparece em todas as amostras coletadas, fica difícil dizer se é porque essa característica se repete em toda a superfície lunar, ou se é simplesmente porque tudo foi coletado de uma mesma região.

Por isso, não podemos dizer com certeza o que existe exatamente no polo sul da Lua. Isso ficou ainda mais evidente quando a Chandrayaan-1, sonda indiana que apenas orbitou o satélite natural, detectou pedaços de água congelada enterrados nas crateras perto do polo sul. A Chandrayaan-2 foi projetada para continuar essa investigação, que poderá nos trazer descobertas importantes.

Após o pouso, o rover vai trabalhar na exploração por cerca de 14 dias. Depois disso, virá a noite lunar, que pode chegar a -184 graus Celsius e dura cerca de duas semanas. Nessa temperatura, as máquinas robotizadas provavelmente deixarão de funcionar, pois não foram projetadas para sobreviver nessas condições.

Apesar disso, o módulo orbital da missão continuará trabalhando por cerca de um ano, dando voltas na Lua de um polo para o outro, com o objetivo de conhecer um pouco mais essas regiões.

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Fonte: Canaltech

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