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Facebook ainda quer lançar satélites de internet, e isso pode começar em março




Facebook ainda quer lançar satélites de internet, e isso pode começar em março - 1

O Facebook já tem seus dados, sua localização, sabe quem são seus amigos e, sejamos francos, acaba sendo “dono” na maior parte do seu tempo. Mas isso não parece ser o bastante, pois a rede social de Mark Zuckerberg quer marcar presença também no espaço. Desde 2016, a empresa vem planejando criar uma constelação de satélites de internet, no intuito de oferecer o serviço a regiões de baixa ou até mesmo nenhuma conectividade. Em 2018, os planos foram confirmados, mas uma série de problemas vinham atrapalhando o andamento do projeto — que se chama Athena. Agora, de acordo com nova documentação preenchida em dezembro de 2019 e há pouco revelada publicamente, parece que a companhia não somente quer retomar a ideia, como pretende começar a colocá-la em prática já em março deste ano.

As informações foram publicadas pelo Business Insider, que obteve a documentação e listou seus detalhes. Pela papelada, o projeto Athena é o alvo de um pedido de “mudança de autorização experimental”, adicionando que o Facebook deseja instalar novas bases de comunicação na Antártida e na Noruega, a fim de estabelecer mais pontos de conexão com os satélites.

Isso é um indicativo forte de que o Facebook ainda vinha desenvolvendo o seu projeto de internet via satélite, apesar de problemas enfrentados nos últimos anos — em setembro de 2016, por exemplo, a companhia contratou a SpaceX, de Elon Musk, para fazer um lançamento inicial, mas o foguete explodiu na plataforma antes mesmo de ter a chance de iniciar o voo.


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Desde então, o Facebook teve seu envolvimento disfarçado nessa empreitada — toda a documentação pertinente vem sendo submetida por uma empresa chamada PointView LLC, mas fornecedores da empresa confirmaram à imprensa norte-americana que o projeto Athena se tratava, sim, de uma iniciativa do Facebook. Em abril de 2018, nova documentação havia sido submetida à Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos, antecipando um lançamento para o “início de 2019”. Mas isso também não aconteceu: a Space System Loral, que construiu o satélite para o Facebook, confirmou na época que os planos não foram adiante, e este lançamento jamais aconteceu — por motivos não revelados.

Agora, o projeto parece estar sendo retomado (ou secretamente continuado) com planos para um primeiro lançamento já no mês que vem. Mas há mais um problema aqui: o foguete que deve levar os primeiros satélites Athena ao espaço — o Vega — também não anda “bem das pernas”. Fabricado pela francesa Arianespace, o foguete teve uma falha em um lançamento de julho de 2019, causando um prejuízo de US$ 415 milhões à companhia. Todos os lançamentos com este foguete foram suspensos desde então, mas a empresa vem se preparando para retomar as atividades com o Vega agora em 2020.

Concorrência peso-pesado

O projeto do Facebook, caso realmente seja colocado em prática, chega a um mercado que, embora ainda pouco explorado, já tem nomes de peso como protagonistas. Estamos falando das constelações de satélites de internet que começaram a sair do papel no ano passado, envolvendo empresas como SpaceX (e seu projeto Starlink), OneWeb e até mesmo a Amazon — esta que ainda não fez um primeiro lançamento, mas já revelou que seu projeto Kuiper tem o mesmo objetivo.

A Oneweb, que chefia o seu próprio projeto, já antecipa colocar pelo menos 600 satélites na órbita da Terra até 2021, tendo já lançado mais de 30 deles, por enquanto. Além disso, a SpaceX, de Elon Musk, está a todo vapor com o projeto Starlink, que prevê uma constelação final de até 42 mil satélites, sendo que 240 deles já estão lá em cima. Paralelo a tudo isso, temos a gigante Amazon e seu projeto Kuiper, que ainda não lançou nada, mas busca posicionar mais de 3 mil unidades ao redor do planeta com o mesmo objetivo das demais iniciativas: oferecer internet de alta velocidade a todo o planeta, em especial a áreas remotas e isoladas, onde há pouca ou nenhuma oferta de conectividade.

Algo bom por um lado, mas prejudicial por outro

Só que nem tudo são flores. Especialistas já mostram preocupação quanto a um possível acúmulo de uma quantidade imensa de lixo espacial ao redor do planeta, imaginando o que acontecerá com esses satélites todos quando suas vidas úteis acabarem. Enquanto Elon Musk garante que seus satélites Starlink, quando deixarem de funcionar, serão direcionados à atmosfera para serem queimados por completo — ou seja, não permanecerão na órbita “sujando” a região —, as informações sobre planos similares envolvendo a OneWeb, o Kuiper e o Athena não são claras quanto a isso.

Ainda, os 240 satélites Starlink que estão em órbita já estão atrapalhando observações astronômicas por conta de sua reflexividade, prejudicando a visão de telescópios terrestres. Para piorar, os satélites OneWeb ainda têm o potencial de prejudicar a radioastronomia, pois podem interromper frequências de rádio usadas para se estudar o espaço profundo.

Ainda assim, o benefício de tudo isso é direcionado especialmente a moradores de áreas remotas. Residentes de zonas urbanizadas contam com empresas de telecomunicações oferecendo conexões a cabo ou fibra óptica, e quem está em zonas rurais não muito distantes dos centros urbanos contam com internet via satélite. Mas as empresas que oferecem conexão via satélite não contam com frotas numerosas de unidades a ponto de expandir essa oferta a regiões ainda mais isoladas, onde a fibra óptica também não chega. Então, a solução para que, em um futuro não muito distante, o planeta inteiro tenha a chance de estar conectado à web, são as novas empreitadas de constelações de satélites que abordamos neste texto.

O Facebook não parece ceder aos possíveis problemas e tudo indica que segue apostando no projeto Athena. A data de março de 2020 para seu primeiro lançamento não está confirmada oficialmente, e a empresa continua em silêncio sobre esses planos. A partir de agora, é esperar para ver o que vai acontecer.

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Fonte: Canaltech

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