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Fãs e artistas pedem crossover para unir Marvel e DC em tempos de coronavírus




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A Marvel Comics e a DC Comics, embora sejam as grandes rivais na mitologia moderna estadunidense, já tiveram vários encontros nos quadrinhos. A última vez que seus universos colidiram de forma significativa foi em 2003, com o especial Liga da Justiça/Vingadores. Já o maior crossovers entre as editoras aconteceu em 1996, quando seus principais personagens se reuniram em quatro edições de Marvel vs DC/DC vs Marvel e em edições especiais com amálgamas entre seus ícones.

As duas empresas atualmente vivem momento de grande popularidade, especialmente devido aos vários lançamentos de filmes, séries, games e animações no mercado do entretenimento. Recentemente, ambas passaram a fazer referências nada discretas uma à outra, citando eventos e personagens — o que até chegou a alimentar a possibilidade de uma fusão. Some a esse cenário o fato das publicações e da distribuição sofrerem limitações nas últimas semanas devido às paralisações e protocolos de prevenção e combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2).

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Imagem: Reprodução/Marvel Comics & DC Comics

EM 2021, o grande embate dos anos 90 comemora 25 anos. Atualmente, devido à pandemia global, há um sentimento de união entre os povos, em esforços para superar a COVID-19. Tudo isso levou os sites especializados, criadores e fãs a se perguntarem: “Não seria o momento de um novo grande crossover?”


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Essa faísca, que começou devagarinho há duas semanas, pegou fogo nos últimos dias, com periódicos, artistas e leitores falando sobre o assunto. E logo isso escalou para uma campanha, que, com certeza, já chegou aos corredores dos executivos de ambas as gigantes dos quadrinhos.

Fãs e artistas animados

Depois da sugestão de um novo crossover publicada no site Newsarama, várias outras páginas especializadas passaram a discutir essa possibilidade, especialmente agora que os Multiversos de ambas as companhias em várias mídias estão mais amplos e admitem a existência de personagens concorrentes em alguma(s) de suas Terras.

Vale destacar que, embora essa rivalidade seja mais acirrada entre os fãs nos Estados Unidos, em outras partes do mundo os mais ávidos leitores gostam de ler os títulos das duas editoras — e vários dos principais criadores da indústria já “trocaram de camisa” entre os grupos, a exemplo dos roteiristas Brian Michael Bendis e Jeff Lemire e do desenhista John Romita Jr.

A escritora Gail Simone, que já trabalhou na Marvel em Deadpool e na DC em Aves de Rapina e Mulher-Maravilha, ficou animada com a ideia e até “escalou” alguns encontros, como o de Visão/Senhor Milagre, que teria os textos de Tom King; e o de Superman/Homem-Aranha, que poderia ser produzido por Brian Bendis, entre outros — vale destacar que esses caras já comandaram arcos consagrados dos heróis dos dois lados.

Donny Cates, artista em alta e atualmente um dos “arquitetos” da Casa da Ideias, gostou dessa ideia.

Scott Snyder, escritor que é um dos pilares do Universo DC nos últimos dez anos, também entrou na onda.

E os fãs, claro, aderiram em massa, dizendo que isso até poderia ajudar ambas as companhias.

O maior encontro de todos

Bom, como todo fã da DC e da Marvel sabe, a ideia de confrontar seus personagens, especialmente aqueles que dividem leitores ou características em comum, não é algo novo — afinal, há décadas os fãs gostam de brincar com perguntas como “quem é o mais forte, o Hulk ou o Superman?” ou “qual dos dois é mais astuto, Batman ou Capitão América?”.

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Imagem: Reprodução/Marvel Comics & DC Comics

Como já citado, o maior embate aconteceu em 1996, quando todos os cantos das editoras foram explorados e o público pôde decidir, por meio de enquetes, quem seriam alguns dos vencedores. Esse crossover é considerado o mais importante porque foi a ocasião em que todos os setores estiveram envolvidos em conjunto, como o editorial, o marketing, e, claro, os autores Ron Marz (famoso por Lanterna Verde) e Peter David (Hulk). Por exemplo, as campanhas, ganhos e produção foram compartilhados de forma equilibrada e executados em cooperação.

Algumas das passagens são memoráveis, como Wolverine e Gambit roubando o carro do Batman, o Surfista Prateado batendo no Lanterna Verde, Homem-Aranha fazendo piada com o Superboy, Logan derrubando Lobo e o empate entre Capitão América e o Homem-Morcego. E, claro, teve a pancadaria entre Hulk e Superman. Tudo bem que nenhum confronto foi assim muito humilhante ou duradouro, pois, no final, a ideia transmitida pelos autores é que, dependendo do contexto, qualquer um poderia vencer a disputa, sem uma medição direta de “quem é melhor” — mas deu para se divertir bastante.

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Imagem: Reprodução/Marvel Comics & DC Comics

No final, ficou claro que o crossover, embora fosse muito menos “isentão” que os anteriores, tinha nascido com o objetivo maior de vender revistas e não chegou a agradar completamente os marvetes e decenautas — vale lembrar que o mercado de quadrinhos de super-heróis nos anos 90 entrou em crise e, tirando a linha dos X-Men, as principais franquias de ambas as editoras sofriam com crise criativa e tramas ruins. Não à toa, a Marvel Comics até entrou em bancarrota e negociou várias propriedades com a Fox, Universal e Sony — algo que a empresa se arrepende até hoje.

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Imagem: Reprodução/Marvel Comics & DC Comics

Um pouco depois, isso tudo ainda rendeu mais frutos, digamos, questionáveis. Esse cruzamento resultou em títulos de uma linha temporária chamada Amalgam Comics, que misturou vários heróis, vilões e equipes. Assim, tramas de origem foram recontadas com a mescla do passado dos personagens, como Logan se tornando o defensor de Gotham — e, posteriormente, isso até abriu portas para especiais da DC com Stan Lee, que naquela época brigava internamente por participação acionária na Marvel e reimaginou propriedades decenautas no seu estilo de escrever.

Crossovers do passado

A rixa entre Marvel e DC era muito discreta no começo e ganhou um tempero especial em 1969 quando a edição 69 de Vingadores introduziu um grupo de vilões chamado de Esquadrão Sinistro, composto por análogos da Liga da Justiça. Hyperion, Falcão Noturno, Relâmpago e Dr. Espectro eram claras alusões ao Superman, Batman, Flash e Lanterna Verde. A resposta veio um mês depois, quando a Liga da Justiça #75 trouxe versões malignas dos Vingadores e a trama mostrou sequências com “cutucadas” à Casa das Ideias, a exemplo do Batman lançando uma tampa de lixo como o Capitão América e um personagem citando Thor.

Essa rivalidade agradou os leitores e, em 1970, durante a Comic Art Convention em Nova Iorque, um fã sugeriu aos editores da Marvel e DC um encontro entre Homem-Aranha e Superman. A ideia foi sendo digerida aos poucos e, em 1975, a primeira edição colaborativa das duas empresa se concretizou na forma de uma adaptação do filme O Mágico de Oz. Isso abriu caminho para que o Homem de Aço e o Amigo da Vizinhança se encontrassem um ano depois.

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Imagem: Reprodução/Marvel Comics & DC Comics

Como nenhuma companhia queria ceder muito, a montagem da equipe criativa, os lucros e divisões, assim como o próprio uso do nome em primeiro lugar na ordem de leitura da capa, foram discutidos meticulosamente. A trama, então, trouxe os dois ícones se encontrando e trocando uns sopapos, antes da luta acabar “empatada” e os heróis descobrindo que seus arqui-inimigos é que, na verdade, estavam por trás da treta. Assim, ninguém saiu “perdendo” e, em um esforço conjunto, Homem-Aranha e Superman salvaram o dia.

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Imagem: Reprodução/Marvel Comics & DC Comics

Essa fórmula — embora bem careta, simplória e, digamos, até meio sem graça — tornou-se padrão para todos os outros crossovers entre a Marvel e a DC nos anos seguintes. Tivemos, então, mais um Superman & Homem-Aranha, X-Men vs Novos Titãs, Batman & Capitão América, Galactus vs Darkseid, Hulk vs Superman, Batman & Homem-Aranha e o já comentado Marvel vs DC/DC vs Marvel, que mudou um pouco — mas nem tanto — esse esquema. A última grande reunião aconteceu em 2003, com Liga da Justiça/Vingadores, que, como mérito, definiu melhor as diferenças entre os dois universos, estabelecendo melhor os “deuses querendo ser humanos” da DC e os “humanos querendo ser deuses” da Marvel.

Confrontos aguardados

Bem, só com a possibilidade desse crossover acontecer de novo, muita gente já vem cogitando quais seriam os novos cruzamentos. Vale lembrar que muita coisa mudou desde a batalha de 96. Todas as propriedades estão revigoradas e bem mais complexas e definidas do que naquela época. Os artistas também elevaram o nível das narrativas e, bem, os heróis são mais populares do que nunca atualmente.

Abaixo, algumas das ideias cogitadas até agora:

  • Demolidor vs Sinestro: O Homem sem Medo contra o líder da Tropa dos Lanternas Amarelos, que usa medo para alimentar seus anéis energéticos
  • Mulher-Maravilha vs Caveira Vermelha: Diana Prince se tornou um símbolo da liberdade americana e ela cairia como uma luva no cenário da Segunda Guerra Mundial contra o fascismo do vilão da Marvel
  • Quarteto Fantástico vs Brainiac: A primeira família de super-heróis seria oponente perfeito para a inteligência artificial insana, especialmente em uma trama super sci-fi
  • Lanterna Verde vs Thanos: Bem, o Titã Louco já varreu metade do universo com um simples estalar de dedos, e quem melhor do que a tropa de defensores cósmicos para detê-lo?
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Imagem: Reprodução/Marvel Comics & DC Comics
  • Vingadores vs Darkseid: Se Thanos é um análogo de Darkseid na Marvel, então nem precisa explicar porque isso daria certo, não?
  • Liga da Justiça vs Galactus: O Devorador de Mundos estaria frente a uma equipe que protegeu a Terra da Equação Antivida várias vezes
  • X-Men vs Lex Luthor: Xenofobia está no DNA de Luthor e seria para lá de interessante ver como os Filhos do Átomo lidariam com a mente genial e cruel do vilão
  • Batman vs Duende Verde: De certa forma, o arqui-inimigo do Homem-Aranha tem muitas similaridades com a personalidade caótica e imprevisível do Coringa
  • Homem-Aranha vs Coringa: E, bem, isso também vale para o Amigo da Vizinhança diante do Palhaço do Crime
  • Doutor Destino vs Superman: Doom é um dos maiores vilões do Universo Marvel e tem um intelecto tão grande quanto o de Lex Luthor. Além disso, Destino sabe usar magia, que é um dos pontos fracos do kryptoniano

Como dá para notar, ideias não faltam. E vocês, quais encontros gostariam de ver?

Mas… vai rolar?

Embora todo mundo esteja torcendo, é preciso ser realista e colocar as cartas na mesa sobre o que acontece atualmente no mercado para compreender a possibilidade de um novo crossover realmente acontecer. Como sabemos, a Marvel Comics agora faz parte de Disney e tem supervisão de Kevin Feige, do Marvel Studios. A AT&T, que é dona da Warner e da DC Comics, passou a supervisionar mais de perto as propriedades da editora e suas adaptações. Ou seja, os contratos e diretrizes para execução passariam por avaliações de vários executivos — e sabemos que quando há muita gente do alto escalão falando ao mesmo tempo as decisões demoram a acontecer.

Além disso, a Marvel detém atualmente 41,85% de fatia do mercado de quadrinhos nos Estados Unidos, com a DC na segunda posição, com 29%. Embora alguns títulos da DC estejam regularmente nas primeiras colocações dos mais vendidos, em uma visão estratégica sobre esse setor, não seria assim tão vantajoso para a Casa das Ideias, que estaria alavancando as franquias da concorrência.

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Imagem: Reprodução/Marvel Comics & DC Comics

Mas… uma das coisas que pode sensibilizar os diretores é justamente o período em que vivemos. A COVID-19 vai impactar bastante o comércio de revistas e a distribuidora Diamond com certeza vai cobrar das gigantes alguma medida para recuperar a baixa de vendas na temporada, possivelmente com alguma diretriz que possa ser executada no segundo semestre ou em 2021 — o que cairia como uma luva com os 25 anos do maior crossover entre a Marvel e a DC.

Por enquanto, não há declarações oficiais de nenhum lado, apenas fãs e criadores dos dois times implorando para que isso aconteça. E, caso isso realmente se concretize, pode acreditar que muita gente vai começar a pedir também por um encontro desses nos cinemas…

Com informações do Newsarama e CBR

 

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Fonte: Canaltech

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