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Fotógrafo está criando Timelapse que vai levar 30 anos para ser finalizado




Fotógrafo está criando Timelapse que vai levar 30 anos para ser finalizado - 1

Quando compramos ou alugamos uma casa ou apartamento, um dos itens que pode chamar a atenção é a vista que temos da janela. Se for uma visão deslumbrante, então, melhor ainda: quem aqui não se sente inspirado a começar bem o dia quando tendo uma vista maravilhosa do céu logo ao acordar?

O fotógrafo Joe DiGiovanna, natural de Nova Jersey, certamente é uma dessas pessoas. Há quatro anos, ele empenha-se em um projeto que pretende criar um timelapse (aquele vídeo hiper acelerado que retrata a mesma paisagem em várias épocas) mostrando 30 anos do horizonte da cidade de Nova York.

DiGiovanna disse, em entrevista ao também fotógrafo Emeric Le Bars, que a inspiração para o projeto veio da vista de seu próprio apartamento: “Eu fiquei imediatamente obcecado. E eu queria filmá-la [a vista]. Eu queria registrar tudo”. Entretanto, há um outro motivo pelo qual o profissional se empenha nisso: “Essa [a vista de Nova York] era a favorita do meu pai… Esse projeto é um tributo para o meu pai”. Pouco antes do projeto começar, o pai de DiGiovanna acabou falecendo.


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Basicamente, a ideia é postar toda a timelapse em um site específico, no qual as pessoas poderão rodar pelos vários períodos e identificarem-se com algum episódio que lhes tenha ocorrido naquele dia. O site, evidentemente, ainda não está no ar, mas DiGiovanna já criou uma conta no Instagram onde posta clipes do material desenvolvido quase todo dia. Até o momento, o perfil conta com 12,2 mil seguidores e pouco mais de 2,1 mil posts.

“Se alguém acabar falecendo… eu gostaria de pegar esse dia e mandar aos parentes. ‘Esse foi o último nascer do sol que tivemos com a sua mãe. E esse é o nascer do sol no dia seguinte’. Mostrar que a vida segue”, ele explica. A longo prazo, o fotógrafo acredita que isso deve oferecer uma visão “macro”, trazendo perspectiva a dias importantes nas vidas das pessoas, o que pode se converter em um efeito terapêutico ou de cura.

A tecnologia por trás disso, porém, é o real desafio: DiGiovanna diz ter registrado algo perto de 4 milhões de imagens. No processo diário, ele tira uma foto a cada 30 segundos e vem fazendo isso pelos últimos quatro anos. As fotos são então coladas via software, com um playback rodando a 24 quadros por segundo, o que resulta em um vídeo de aproximadamente dois minutos, todo dia.

“Meu primeiro problema foi ‘Qual câmera?’”, ele comenta. “Quando comecei o projeto, estava fotografando com uma EOS 5D Mark II da Canon, além de uma câmera de cinema Red Epic — o oitavo modelo que a Red havia produzido. Eu também experimentei com modelos da GoPro, chegando até a escrever códigos customizados para elas”.

DiGiovanna acabou firmando-se com um modelo A7S da Sony. A câmera possui opção de obturador eletrônico, então ela poderia ser ajustada para tirar fotos automatizadas o dia todo sem utilizar as partes móveis do dispositivo, o que ocasiona em menos danos físicos de uma forma geral.

A câmera é, por sua vez, controlada por um intervalômetro que o próprio fotógrafo montou por meio de um Arduino. As capturas são imediatamente gravadas em um Macbook Pro e importadas para o Capture One, um software de edição profissional de imagens. Toda noite, um script junta todo o material do programa, exporta-as e cria seus backups.

Pelo curso de um ano, cerca de 16 terabytes de armazenamento são ocupados pelo profissional — 32 TB, se você considerar também os backups. DiGiovanna comenta que têm vários HDs dispostos e conectados para segurar tudo isso e aproveita até para brincar com uma possibilidade de parceria com a fabricante.

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Uma câmera profissional da Sony, modelo A7S mirrorless: esse é o modelo usado por DiGiovanna em seu projeto de registro do horizonte de Nova York (Imagem: Reprodução/Shutterbug)

E aí vem a edição, o que é um outro desafio: atualmente DiGiovanna utiliza o After Effects, da Adobe. Mas ele quer encontrar uma forma de otimizar o tempo despendido por meio de um programa de automação voltado especificamente à produção de timelapses, chamado LR Timelapse. Com ele, o fotógrafo diz que poderá simplificar ajustes em momentos específicos, como as mudanças de dia para noite.

Mais além, é desejo do fotógrafo automatizar ainda mais o processo por meio de código de programação que pensa em criar, de forma que todo o seu equipamento possa saber, por conta própria, como se comportar diante de situações específicas, como, por exemplo, antecipar a hora do nascer do sol, em um dia específico e se ajustar para registrar com o máximo de qualidade.

Segundo DiGiovanna, o projeto todo deve acabar apenas em 2045, mas ele já avisa que deve continuar depois dessa data e ainda planeja adicionar mais câmeras para capturar outras perspectivas da cidade.

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Fonte: Canaltech

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