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Game of Thrones | Entenda o fim de cada personagem no último episódio da série




Game of Thrones | Entenda o fim de cada personagem no último episódio da série - 1

O inverno chegou, e a Longa Noite teve seu fim: no último domingo (19) a HBO transmitiu o último episódio de Game of Thrones, colocando um ponto final na série que foi um dos grandes fenômenos culturais dos últimos anos, e muito provavelmente a última série de TV em que nos reunimos em volta do aparelho e sentimos a necessidade de assistir o episódio no momento em que ele é transmitido.

O fim de Game of Thrones é um marco não apenas para a TV – pois é o fim da produção mais cara e expansiva já produzida para a mídia – como também o fim de um modo de assistir TV, em que nos sentíamos compelidos a, em determinado dia e hora, parar tudo que estivéssemos fazendo em nossas vidas e dedicar a próxima hora olhando atentamente para aquela tela. Assim, durante as próximas semanas faremos uma série de matérias especiais aqui no Canaltech sobre Game of Thrones, como forma de nos prepararmos para o fim e entendermos as implicações que as escolhas tomadas pela série terão para os potenciais livros que George R.R. Martin ainda irá lançar.

AVISO DE SPOILER: Esta matéria contém spoilers de todas as temporadas de Game of Thrones, incluindo até o episódio final da série. Então, se você não está em dia com ela, proceda com cautela.


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Parecia que esse dia nunca iria chegar, mas, depois de oito anos, a HBO finalmente transmitiu o último episódio de Game of Thrones, uma série que não apenas foi a produção mais cara já feita para a TV, como ainda foi a primeira produção baseada em um livro em que a produção para a TV é responsável por mostrar o final da história antes dos próprios livros. E, por isso, essa última temporada era tão esperada, pois não apenas iria finalizar a história para aqueles que conheceram Westeros pela série da HBO, como também para aqueles que a acompanham desde que George R.R. Martin lançou o A Game of Thrones – o primeiro volume de A Canção de Gelo e Fogo – em 1996. Dia 19 de maio foi um momento histórico para a TV – e, assim como acontece com praticamente todos os momentos históricos, não agradou a todos.

Assim, vamos falar um pouco do fim que levou cada um dos personagens mais importantes que chegaram vivos até o último episódio, e o que esse fim significou para o arco narrativo deles (caso você não se lembre exatamente o que aconteceu antes do último episódio, você pode dar uma lida na matéria em que explicamos como foi a jornada de cada um até aqui)

Daenerys Targaryen

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Daenerys Targaryen, A Nascida da Tormenta, A Não Queimada, A Quebradora de Correntes, A Mãe de Dragões, A Rainha Dragão, Rainha dos ndalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Protetora dos Sete Reinos, Rainha de Mereen, Khaleesi do Grande Mar de Grama e Senhora de Pedra do Dragão teve um fim que muitas pessoas não gostaram – o que mostra que elas não estavam prestando atenção. Após usar seu dragão Drogon para incinerar toda Porto Real, destruindo praticamente a cidade inteira e fazendo churrasquinho de mulheres, velhos e crianças que nada tinham a ver com as batalhas entre exércitos, o último comando de Daenerys foi para que seus homens não fizessem prisioneiros e matassem todo e qualquer soldado Lannister que avistassem – independentemente de ele já ter ou não se rendido.

Assim como é do estilo de escrita de George R.R. Martin, o arco de Daenerys a coloca na posição que ela jurou que nunca estaria – uma tirana que força a sua ideia de justiça e paz sobre seus súditos, e que é cega ao quão torpe é essa ideia. Durante as oito temporadas Daenerys discursa sobre como os governantes são injustos ao exigir que a população os siga de maneira cega, fazendo-os sofrer por um ideal de governança que só é justo em suas próprias mentes – e, quando ela tem a chance de ser esse monarca diferente, ela acaba escolhendo fazer o mesmo que todos os lordes que criticou, e obriga a todos concordarem com o que ela acredita ser justo e o correto a ser realizado – e, quem não gostar disso, que morra.

Daenerys tem o mesmo fim de todos os tiranos que ela depôs em sua trajetória até aqui – e é morta por Jon Snow, que a abate com uma facada no peito. A morte de Daenerys significa o fim de uma era de conquistadores em Westeros, e isso é deixado claro quando Drogon, ao sentir a morte de sua dona, entra na sala do trono e derrete o tão disputado Trono de Ferro, transformando-o em uma pilha de ferro fundido antes de partir para terras distantes, carregando o corpo de Daenerys consigo. A morte dela também confirma a visão que Daenerys teve na segunda temporada, quando visitou a Casa dos Imortais em Qarth, que lhe mostrou que ela conseguiria seu objetivo de conquistar o Trono de Ferro – mas morreria antes de conseguir sentar nele.

Jon Snow

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Depois de ver toda a destruição e sofrimento causado por Daenerys na conquista de Porto Real, Jon procura Daenerys na sala do trono para conversar com ela sobre alguns abusos que estão sendo cometidos em seu nome – como, por exemplo, a execução de prisioneiros de guerra e soldados que já haviam se rendido. Ao ouvir de Dany que essa havia mesmo sido a ordem – que a morte dessas pessoas era necessária para a paz no reino – e que ela pretendia fazer a mesma coisa com todos os outros reinos até que fosse não apenas Rainha de Westeros, mas do mundo todo. Ele então mais uma vez jura lealdade à ela e, quando ela se aproxima para beijá-lo e abaixa a guarda, Jon a apunhala no peito, matando-a antes que ela pudesse assumir o trono pelo qual batalhou durante toda a vida.

Assim como Daenerys, o arco de Jon também se completa colocando-o numa posição em que ele odiaria estar. Uma das coisas da qual Jon mais tem rancor é o fato de, quando ele decidiu que abriria a Muralha para trazer para Westeros todos os selvagens que ainda estavam vivos, ele foi traído por alguns patrulheiros – alguns até mesmo que ele considerava como amigos -, que o mataram por conta de uma decisão que ela sabia ser a certa. Em Porto Real, Jon se viu na mesma posição desses patrulheiros: ter de obedecer a uma ordem vinda de alguém hierarquicamente superior e a qual essa pessoa acreditava ser a única maneira de garantir a paz, enquanto ele acreditava ser um pecado mortal. E, assim como aconteceu com Dany, ele no fim também assumiu a posição que ele tinha jurado que nunca assumiria: a de alguém que usaria sua ligação emocional para com esse líder para trai-lo e matá-lo. Assim como Maester Aemon já havia alertado a Jon, o dever é a morte do amor, e ele seria obrigado a escolher um dia – e, em face dessa escolha, Jon mostrou que nunca deixou de servir aos ideais da Patrulha da Noite, escolhendo matar o seu amor para cumprir o deve de ser o escudo que protege o Reino dos Homens.

Após matar Daenerys, Jon é condenado pelo novo Rei Bran a, mais uma vez, ser exilado na Muralha e ajudar a reconstruir a Patrulha da Noite. Mas, pela primeira vez, Jon sente que já cumpriu o seu dever e, junto com os selvagens, abandona Castelo Negro e segue com eles para viver suas vidas além da Muralha.

Tyrion Lannister

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Após ver a destruição de Porto Real pelas forças de Daenerys, Tyrion desiste de continuar seguindo como Mão da Rainha e é preso por traição. Mas, antes que o anão seja julgado a morrer queimado vivo, ele consegue convencer Jon que o melhor para todos seria matar Daenerys. É dele também a ideia de coroar Bran como o novo Rei de Westeros, com um discurso que se baseia naquela ideia de que apenas conhecendo nossa história é possível evitar os erros que nos levarão a repeti-la – e, por sua sabedoria, é novamente escolhido para ser o Mão do Rei.

Durante toda a sua vida, Tyrion havia sido tratado como um herege e a “ovelha negra” da família mais poderosa de Westeros, e agora é não apenas o chefe dela, mas também o único responsável pela continuidade dela. Como Mão do Rei, Tyrion cumpre sua promessa para com Bronn – transformando-o no novo Lorde de Jardim de Cima e em Mestre das Moedas de Porto Real -, nomeia Davos como Mestre dos Navios e Sam como o novo Maester da Cidade. E, como o principal defensor de que Daenerys não destruísse a cidade durante sua conquista, é digno que seja ele o responsável por supervisionar toda a reconstrução dela. E a última participação dele – uma discussão sobre o que seria mais importante reconstruir primeiro, uma frota de barcos ou os puteiros – deixa claro que Tyrion continua sendo a mesma pessoa de sempre, que se preocupa com coisas importantes, mas também vê a necessidade de manter os pequenos prazeres da vida.

Sansa Stark

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O papel de Sansa é bem pequeno no episódio: depois da morte de Daenerys, Sansa faz parte do conselho que irá definir quem será o novo Rei e o destino de Tyrion e de seu irmão Jon. Quando tudo fica decidido, Sansa avisa a Bran que, depois de tudo o que passaram, seria demais pedir para que os nortenhos passem novamente a servir um rei do sul, e que ainda que respeitem Bran como Rei dos Sete Reinos, o norte continuará como um reino independente – com Sansa como a sua Rainha.

Como já explicamos em outro momento, a história de Game of Thrones foi bastante inspirada na Guerra das Rosas, um conflito histórico entre duas famílias pelo trono da Inglaterra. A decisão de Sansa emula também um momento da história da Inglaterra, quando o Rei Jaime VI da história se tornou Rei da Inglaterra, mas o país ao norte de Londres se manteve como uma nação independente. O mesmo acontece aqui: como único Stark do sexo masculino que ainda está vivo ou livre, Bran seria o herdeiro natural de Winterfell – mas, quando ele assumiu o trono dos Sete Reinos (que sempre foi uma alegoria para o trono da Inglaterra), a escolha de Sansa de manter o norte independente é igual à que aconteceu com a Escócia quando Jaime se tornou o Rei da Inglaterra.

Assim, a divisão política de Westeros se assemelha ao que conhecemos hoje como o Reino Unido: temos os Sete Reinos (que seria a Inglaterra) que possui um Rei que foi escolhido pelos membros mais poderosos do continente (algo como o Parlamento Britânico), o reino ao norte que é aliado, mas independente (a Escócia) e uma ilha (a Ilha de Ferros dos Greyjoy) que manterá a posição de aliada, mas que também terá a independência para que seus governantes possam decidir o que é o melhor para o bando de bêbados e brigões que vivem lá e que não seguem a mesma religião da Coroa (que seria um paralelo com a Irlanda).

Arya Stark

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Ao contrário do que o episódio anterior dá a entender, o papel de Arya no último de toda a série é bem diminuto, e ela não tem nenhuma influência na morte de Daenerys. Após a definição de como será o futuro político de Westeros, Arya decide que não é alguém feita para viver em castelos em tempos de paz, e a história termina com ela a bordo de um barco, indo atrás de novas aventuras a oeste de Westeros – lugar do mundo que é totalmente desconhecido para todos. A maior assassina dos Sete Reinos termina do mesmo jeito que começa a jornada de qualquer personagem de um JRPG de fantasia – quem sabe não seja a deixa para um jogo do gênero baseado nas aventuras de Arya? Eu com certeza seria o primeiro na fila para comprar um desses.

Bran Stark

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Depois de se tornar o Corvo de Três Olhos, algo que transcende a compreensão humana e que consegue enxergar todo o passado e o presente do mundo, Bran é coroado por unanimidade como o novo Rei dos Sete Reinos, tornando-se o Rei Bran, O Quebrado.

Ainda que faça sentido a escolha de Bran – afinal, Game of Thrones a todo momento nos dizia que o melhor governante é aquele que não deseja o poder, e a gente nem sabe se, na posição atual, Bran deseja comer algo no café da manhã – ele terminar como o Rei de Westeros talvez seja um dos eventos mais inexplicáveis do último episódio da série.

Samwell Tarly

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Sam também está presente em Porto Real e é um dos responsáveis por escolher o novo Rei – ele até sugere a ideia de um regime democrático onde o povo deve escolher seu próprio governante, mas a ideia é recebida a gargalhadas pelos demais. Ele assume o papel de Maester no novo governo e, como última ação, entrega a Tyrion o livro que seu instrutor na Cidadela estava escrevendo sobre as guerras que assolam o reino depois da rebelião de Robert Baratheon – livro ao qual Sam deu o nome de A Canção de Gelo & Fogo. Assim, confirma-se a teoria de que Sam sempre foi um personagem baseado no próprio Martin, além de criar um final bem parecido ao de O Senhor dos Anéis, em que a história é finalizada com a escrita do livro que é a própria história que acabamos de presenciar – confirmando que a metalinguagem sempre foi um elemento importante da narrativa.

E, se Daenerys ficou o tempo todo falando em “quebrar a roda” – ou seja, romper com as tradições e criar algo novo – no fim foi Sam que destruiu a roda à marretadas. Como Patrulheiro da Noite, Sam havia jurado abandonar sua família e não gerar herdeiros, e como Maester ele também deveria abandonar qualquer vínculo familiar. Mas, no fim, Sam termina como Maester de Porto Real e Lorde Protetor da Morada dos Tarly, casado e com dois filhos – e mostrando os dois dedos do meio para a tradição.

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Fonte: Canaltech

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