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Golpe leva 25 pessoas a trabalharem para uma empresa de games que não existia




Golpe leva 25 pessoas a trabalharem para uma empresa de games que não existia - 1

Uma pessoa chamada Rana Mahal, de apelido Kova, convenceu 25 pessoas a trabalharem para uma empresa chamada Drakore Studios, teoricamente focada no desenvolvimento de um jogo chamado Zeal. Sim, “teoricamente” porque a companhia simplesmente nunca existiu.

Em entrevista ao Kotaku, seis pessoas que caíram no golpe e até mesmo Mahal contaram a história, que é um misto de incompetência e má fé.

Zael realmente existe e é um MMO feito pela Lycanic Studios em estágio de Early Access dentro do Steam, mas que não tinha conseguido levantar dinheiro suficiente para financiar todo o projeto.


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É aí que Mahal entra na história. Ele prometeu à equipe do Lycanic Studios ser a ponte entre a grana e desenvolvimento, injetando dinheiro no estúdio e assumindo todos os trabalhos de desenvolvimento, marketing e divulgação do jogo. O financiamento viria de familiares de Mahal, que já teriam investido US$ 25 mil no Drakore Studios, a suposta empresa criada por Mahal.

Para ganhar credibilidade, Mahal chegou a dizer que trabalhou no Amazon Game Studios e até na equipe de desenvolvimento de Dragon Age Inquisition, da BioWare. Ainda, ele se gabava de ter trabalhado ao lado do diretor criativo Mike Laidlaw, um dos principais nomes da série. Procurado pela Kotaku, Laidlaw negou que tenha tido qualquer contato com Mahal.

Além dessa conversa, ele prometeu ao Lycanic Studios o pagamento adiantado de US$ 7 mil, cargos dentro do Drakore Studios e participação em seus lucros. Foi o suficiente para convencer Mert Dinçer e Tim Popov, donos e únicos desenvolvedores da Lycanic, a aceitarem um acordo.

Depois disso, era hora de montar a equipe que trabalharia em Zael. Esse serviço ficou a cargo de Brooke Holden, uma jovem inexperiente que também caiu na lábia de Mahal e aceitou o cargo de gerente júnior de produção. Era seu primeiro emprego na indústria dos games e ela não tinha ideia de que tudo que seu chefe estava organizando era uma fraude.

Mesmo inexperiente, Holden conseguiu reunir uma equipe de 25 pessoas, incluindo artistas, designers, pessoal de marketing e outros. A proposta era atraente e fisgou gente que abandonou trabalhos fixos e até um pai de quatro crianças que foi demitido da PlayStation e pegou a vaga para poder pagar as contas.

Com a equipe montada, Mahal começou a mandar propostas para publicadoras, entre elas a Devolver Digital e Team13, falando que tinha um novo jogo chamado AetherBound, o segundo MMO sob a asa do Drakore Studios, criado após Zeal. Como você deve imaginar, era tudo mentira e os funcionários começaram a desconfiar disso depois de ouvirem Mahal se gabando de que a Epic Games, de Fornite, queria comprar a propriedade intelectual por US$ 2 milhões. A Epic nega tal negociação.

E foi a partir daí que os problemas começaram de verdade e os pagamentos começaram a atrasar. De tanto ser pressionado por Holden, Mahal acabou admitindo que já tinha torrando aqueles US$ 25 mil e que não poderia pagar os funcionários. Ele também se negava a mostrar a documentação legal do Drakore Studios, o que levantou ainda mais suspeitas.

Depois de cerca de um mês nessa furada, os funcionários chegaram à conclusão que o Drakore não existia e que nunca havia comprado os direitos sobre Zeal, como Mahal alegava. Em represália, eles impediram Mahal de acessar os assets e contas do Google Drive, e-mail empresarial e tudo mais.

O Lycanic Studios abandonou Mahal e tomou de volta para si o desenvolvimento de Zeal. Os outros do estúdio fantasma, entretanto, é que foram efetivamente lesados com as promessas, sendo que alguns até mesmo recusaram outras propostas de emprego.

Em entrevista ao Kotaku, contudo, Mahal nega que tenha realizado um golpe. “É engraçado que algumas pessoas estão tipo ‘você aplicou um golpe’. Eu digo ‘ok, ótimo golpe, no qual eu trabalho 80 a 100 horas por semana sem ganhar nada. Melhor golpe do mundo”, defendeu-se.

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Fonte: Canaltech

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