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Mais um planeta pode estar ao redor de Proxima Centauri, estrela vizinha do Sol




Mais um planeta pode estar ao redor de Proxima Centauri, estrela vizinha do Sol - 1

A Proxima Centauri, estrela mais próxima de nós, localizada a apenas 4,2 anos-luz de distância, tem um planeta confirmado em sua órbita chamado Proxima b, descoberto em 2016. Até então, ele parecia ser o único nesse sistema estelar, mas astrônomos publicaram um estudo no dia 15 de janeiro sugerindo que pode haver outro exoplaneta escondido por lá.

Liderada por Mario Damasso e Fabio Del Sordo, a equipe reexaminou dados do antigo espectrógrafo High Accuracy Radial velocity Planet Searcher (HARPS), do ESO (European Southern Observatory), e as observações do Ultraviolet and Visual Echelle Spectrograph (UVES), além de uma série de novas medições do HARPS. Esses dados foram submetidos a novas análises, que rastrearam o espectro de luz da Proxima Centauri ao longo do tempo em busca de oscilações regulares que pudessem indicar a presença de um planeta ainda não descoberto. Juntas, as medições do HARPS e do UVES correspondem a cerca de 17,5 anos de observação, então havia bastante material para analisar.

Todo esse trabalho não foi em vão: o resultado revelou um possível segundo planeta que, seguindo o padrão de nomenclatura nos sistemas estelares, se chamaria Proxima c. Ele seria pelo menos 6 vezes mais massivo que a Terra e, portanto, seria uma super-Terra. Além disso, o Proxima c deve completar uma volta em torno da Proxima Centauri a cada 5,2 anos terrestres.


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Proxima c pode ser habitável?

De acordo com Damasso, esse suposto mundo provavelmente recebe pouca luz estelar, considerando a baixa luminosidade da estrela hospedeira e o fato de que ele estaria muito longe chamada “zona habitável” do sistema. Mas antes de considerar isso como um fator que anula a possibilidade de haver vida por lá, os autores do estudo enfatizaram que a habitabilidade é algo difícil de se determinar. É que há muitos fatores envolvidos e poucas informações disponíveis sobre a maioria dos sistemas exoplanetários para que consideremos potencialmente habitáveis apenas mundos que estejam dentro da zona do sistema onde, em teoria, as temperaturas médias são amenas o suficiente para a manutenção de água no estado líquido.

Exemplo disso é que, para avaliar a verdadeira capacidade de um mundo abrigar vida, é preciso saber quão espessa é a atmosfera e a composição do ar, além de quão ativa é a estrela. Além disso, mundos que não se encontram na zona habitável ainda podem ser capazes fornecer suporte à vida como a conhecemos – é o caso das luas Europa, de Júpiter, e Encélado, de Saturno, ambas fora da zona habitável do Sistema Solar, porém abrigam oceanos líquidos abaixo de suas crostas congeladas, o que é possível graças à ação gravitacional dos gigantes gasosos que orbitam.

Del Sordo afirma que está “convencido de que existem muitos cenários desconhecidos a serem descobertos sobre as características planetárias que vão além da nossa imaginação”. Mas, no momento, “essa convicção não tem nada a ver com ciência; é apenas meu ponto de vista pessoal”.

Nada confirmado, mas há boas chances

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Concepção artística imagina a superfície do planeta Proxima b, que orbita a estrela anã vermelha Proxima Centauri (Imagem: ESO / M. Kornmesser)

Por enquanto, o Proxima c continua sendo um possível exoplaneta, sem confirmação de que realmente exista. Damasso e Del Sordo enfatizam que, para confirmar sua existência, serão necessárias uma série de informações adicionais, que podem vir por meio da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA). “De acordo com nosso estudo, se Gaia fornecer os dados com a qualidade esperada […] a detecção poderá ser confirmada ou descartada com segurança”, disse Damasso.

A equipe também está avaliando como os dados adicionais do HARPS e do UVES podem ajudar a confirmar a descoberta. Além disso, os pesquisadores estão pensando em procurar o Proxima c por meio de imagens diretas, também. Para isso, eles podem usar fotos capturadas pelo Spectro-Polarimetric High-Contrast Exoplanet Research (SPHERE), ferramenta instalada no observatório terrestre Very Large Telescope do ESO, que fica no Chile.

Embora ainda não haja provas de que o Proxima c exista, é provável que sim, pois um planeta naquele sistema é a melhor explicação para os dados encontrados. “De acordo com nosso cálculo, o modelo de dois planetas é atualmente cinco vezes mais provável que o modelo de um planeta”, disse Del Sordo. Ele afirma que há 83% de chances de que o Proxima c exista, de fato.

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Fonte: Canaltech

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