A nave da missão BepiColombo foi lançada rumo a Mercúrio em outubro de 2018, mas passará pelo nosso planeta no próximo dia 10 de abril, a uma distância relativamente pequena. É que, para chegar ao seu destino em segurança e entrar na órbita mercuriana, a nave deve primeiro fazer sobrevoos pela Terra e outros planetas.
Desenvolvida pela Airbus, a espaçonave da ESA (agência espacial europeia) e da JAXA (agência espacial japonesa) passará pela Terra a cerca de 13.000 km de distância. Isso é mais perto do que os satélites de navegação, como os de sinal GPS. Isso permitirá que pessoas no Hemisfério Sul vejam a sonda com a ajuda de um telescópio – ou mesmo um bom par de binóculos.
Depois disso, a nave seguirá em sua jornada de sete anos, percorrendo 8,5 bilhões de quilômetros até chegar ao primeiro planeta do Sistema Solar.
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Força gravitacional emprestada

Não é tão simples fazer com que uma sonda se “prenda” a um planeta que está em uma órbita bem menor – mais interna – que o nosso. Por isso, a BepiColombo precisa perder um pouco de sua “energia orbital”, e usará a gravidade da Terra para isso. Conforme explica a primeira lei do movimento de Newton, os objetos viajam em linha reta, a menos que uma força externa os faça parar ou mudar de direção.
Qualquer coisa no universo viajaria em linha reta caso não estivessem presas à gravidade de algum outro objeto. Os planetas não fogem à regra, tampouco as espaçonaves. Assim, as naves contam com o impulso de seus próprios motores para acelerar, desacelerar ou mudar de direção, mas também podem usar a gravidade de corpos massivos que encontram pelo caminho.
Usar a gravidade de planetas é bastante útil porque, assim, a nave economiza combustível. Quanto menos combustível levar em seus tanques, mais carga pode ser transportada – e a BepiColombo está carregando muitos instrumentos científicos para captar sinais de Mercúrio. Além disso, quanto maior a órbita em que uma nave espacial estiver viajando, maior será sua energia orbital.
Por isso a BepiColombo, que ainda está na órbita terrestre, precisa perder um pouco dessa energia antes de tentar ir para a órbita mais interna do Sistema Solar. Com essa manobra, a nave diminuirá a velocidade de quase cinco quilômetros por segundo e estará pronta para seguir rumo a Vênus, o planeta que fica entre Mercúrio e a Terra.
Durante essa viagem, a sonda ainda realizará outros oito sobrevoos pelos planetas internos do Sistema Solar – dois em Vênus e seis em Mercúrio. Só então ela será capaz de atingir a velocidade e parâmetros corretos para ser capturada pela gravidade do pequeno planeta. Após a chegada final em Mercúrio, o que só deve acontecer em 2025, a nave vai coletar dados durante um ano, com alguma possibilidade de estender a missão caso tudo continue funcionando normalmente.
Quando estiver na órbita operacional, a BepiColombo coletará dados para estudar a composição, geofísica, atmosfera, magnetosfera e história de Mercúrio, além de testar a teoria da relatividade geral de Einstein. Ela conta com 16 instrumentos científicos que vão fornecer informações sobre as características do campo magnético de Mercúrio e como ele interage com o vento solar.
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Dê o seu último adeus
Com a aproximação, a BepiColombo nos dará a oportunidade de deixarmos o último adeus, à 01h24 (horário de Brasília) do dia 10 de abril de 2020, enquanto cruza o céu de leste a oeste. A nave não será visível a olho nu, mas os que tiverem acesso a um pequeno telescópio, binóculo ou câmera podem ser capazes de ver o explorador. “É a última vez que podemos ver a espaçonave da Terra, por isso estamos convidando astrônomos amadores e profissionais a observá-la antes que ela se vá”, disse a ESA.
A simulação abaixo mostra o sobrevoo da BepiColombo a partir do ponto de vista de um observador no Rio de Janeiro. A sonda poderá ser vista voando através de algumas constelações.
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Além da sonda, os planetas Júpiter, Saturno e Marte também estarão visíveis no céu nas primeiras horas de 10 de abril. Infelizmente, a Lua também estará visível, o que pode atrapalhar um pouco a visualização da nave e dos planetas por conta da reflexividade do nosso satélite natural.
Se você possuir um equipamento capaz de captar imagens da BepiColombo, a ESA o convida para enviar as fotos para o Flickr e publicá-las no Twitter ou Instagram usando a hashtag #BepiColomboEarthFlyby. A agência premiará os três melhores trabalhos com um modelo em escala da BepiColombo, e as fotos serão publicadas no site da ESA.
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Fonte: Canaltech