Em mais uma demonstração do quanto a informática avançou ao longo dos últimos 50 anos, um engenheiro de software descobriu que até mesmo o carregador do seu smartphone é mais poderoso que o computador que levou o Homem pela primeira vez à Lua, em 1969. A conclusão é de Forrest Heller, que comparou as especificações de três adaptadores disponíveis no mercado atual contra as configurações das máquinas de direcionamento da Apollo 11.
De um lado, então, está o carregador de 18W do Google Pixel, o adaptador de 40W SuperCharge que a Huawei encaixota junto a seus aparelhos e o Anker PowerPort Atom PD2. Do outro, o AGC, sigla em inglês para “computador de direcionamento da Apollo 11”, que tinha o tamanho de uma caixa de sapatos e pesava pouco mais de 30 quilos, uma inovação para uma época em que máquinas desse tipo eram do tamanho de uma sala.
Na comparação, que leva em conta poder bruto, apenas, Heller descobriu que o mais fraco dos carregadores da lista, o do Pixel, é nada menos do que 10 vezes mais poderoso que o AGC. Enquanto o adaptador possui um processador Weltrend WT6630P com clock de 10 MHz, a máquina construída pela NASA alcançava meros 1,024 MHz. O mais poderoso da comparação, da Anker, opera a 48 MHz com sua CPU Cypress CYPD4225, enquanto o intermediário da Huawei traz o Richtek RT7205 com 22,7 MHz.
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Grandes diferenças também quando se fala em memória, com o modelo da Anker mais uma vez saindo na frente com 8 KB de RAM e 128 KB de armazenamento Flash, enquanto o computador da Apollo 11 traz, respectivamente, 4 KB e 72 KB. Nesse quesito, entretanto, os modelos do Google e da Huawei ficaram para trás, mas por pouco, e obviamente ganham no tamanho.
Como todo bom engenheiro de software, Heller pondera que comparações de poder de processamento só demonstram parte da questão. Não é como se fosse possível carregar o software de direcionamento da NASA diretamente no carregador do celular, já que adaptadores e o AGC são máquinas bem diferentes, construídas com propósitos distintos e, no caso da Apollo 11, bem específicos.
O desafio de rodar o software da nave nos carregadores, entretanto, foi resolvido por Heller, ainda que apenas teoricamente. Segundo ele, realmente não seria possível rodar os programas que levaram o Homem à Lua em um único carregador, mas quatro Anker PowerPorts dariam conta dos cálculos necessários para levar três pessoas ao satélite natural da Terra. Tudo isso, claro, com menos de metade do tamanho do AGC.
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A superioridade, entretanto, para por aí, já que os adaptadores, mesmo no modelo mais potente, jamais seriam capazes de sobreviver à velocidade de mais de 38 mil quilômetros por hora da Apollo 11 no lançamento. Aqui temos outro motivo pelo qual o AGC foi uma máquina construída sob medida e uma explicação para seu peso em relação ao tamanho — ela era resistente a forças g e completamente pronto para um lançamento espacial, enquanto muitos carregadores do mercado atual podem não sobreviver até mesmo a uma queda mais bruta.
Além disso, o especialista lembra que o AGC controlava toda uma nave, com centenas de cabos e periféricos conectados, enquanto o carregador mais potente usado na comparação tem apenas duas portas USB e é capaz de realizar uma única tarefa por vez, que é recarregar a bateria do seu smartphone. Um desenvolvimento maior pode mudar isso, claro, mas, no final das contas, a vitória ainda é da NASA, a única com um computador comprovadamente capaz de levar os astronautas à Lua e trazê-los de volta sãos e salvos.
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Fonte: Canaltech