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O que vai fazer o pagamento por aproximação decolar?




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Ao longo da minha carreira profissional tenho ouvido essa pergunta várias vezes só que para tecnologias diferentes. O que vai fazer o pagamento via chip (contato) decolar? O que vai fazer o pagamento autenticado (3DS) decolar? O que vai fazer o pagamento tokenizado decolar? Enfim, acho que, na verdade, estamos lidando mais com a ansiedade das pessoas do que realmente com o “roadmap” tecnológico. A tecnologia vitoriosa é sempre aquela que favorece ou que responde a um ou mais estímulos comerciais e endereça problemas reais da sociedade. E é exatamente isso que o pagamento por aproximação começa a efetivamente apresentar no Brasil.

Para se ter uma ideia, na Austrália, por exemplo, em 2017, mais de 90% de todas as transações presenciais da Visa são iniciadas com um cartão ou com um dispositivo de pagamento por aproximação (Fonte: VisaNet, setembro de 2017). E por qual motivo? Tempo! Essa tecnologia agrega conveniência e rapidez ao dia a dia dos consumidores, com a mesma segurança presente em uma transação com o chip. Do lado dos estabelecimentos comerciais, é uma excelente solução para categorias em que agilidade é crucial. Por exemplo, fast-food, supermercado, drogaria, loja de conveniência, transporte público e máquina de venda automática. As transações cotidianas de baixo valor ficam mais práticas e menos custosas pois cada segundo que eliminam na operação de pagamento se reverte no final do dia na redução do custo operacional.

Segundo a Timetric Report, os terminais de pagamento por aproximação devem representar 77% dos terminais de pagamento no mundo até 2020, contra 46% em 2016. Por isso, sempre reforço nas reuniões com parceiros que investir na tecnologia de pagamento por aproximação é uma questão de sobrevivência. Os pagamentos por aproximação são a porta de acesso para incontáveis possibilidades no mundo dos dispositivos conectados.


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A experiência global mostra caminhos, mas o Brasil vem trabalhando para encontrar seu próprio tempero. Não existe a tão falada “bala de prata”. O primeiro passo, sem dúvida, é fomentar a aceitação. Nos últimos cinco anos, trabalhamos junto com os credenciadores para que a tecnologia estivesse presente em todo o Brasil. Resultado desse trabalho é que, hoje, mais de 80% dos POS no país já estão habilitados para receber pagamentos por aproximação. Em seguida, trabalhamos fortemente junto com as instituições financeiras, de pagamento e com as carteiras digitais no quesito emissão para que, cada vez mais, novas credenciais* sejam emitidas com essa tecnologia.

Outro caminho que temos seguido para popularizar o contactless e que tem se mostrado de extrema importância é a diversificação de canais. Vivemos o que chamo de empoderamento do consumidor. É ele quem decide a forma que irá pagar. Nosso trabalho, como indústria e empresa de tecnologia de pagamento, é oferecer opções que melhor se encaixem no dia a dia das pessoas. Por isso, no Brasil, já temos cartão, pulseiras e relógios que pagam com a tecnologia por aproximação. Se ele quer ir para a praia de manhã, ele pode ir com a pulseira a prova d’agua, mas, à tarde, ele continua usando o tradicional plástico se assim preferir. Dentro desses novos canais, o que tem crescido exponencialmente no gosto dos brasileiros é o pagamento por celular. O brasileiro é o que chamamos de earlier adopter de tecnologia.

Por fim, a estratégia tem sido levar o pagamento para novos setores. Hoje, no Brasil, você consegue pagar graças a tecnologia de pagamento por aproximação, sua passagem diretamente nas catracas do metrô do Rio de Janeiro ou do ônibus em linhas selecionadas da capital paulista. Isso é uma forma de fazer com que as pessoas tenham experiência desse pagamento em seu cotidiano. Ao ter essa vivência, acreditamos que elas enxergam os benefícios da tecnologia por aproximação da forma mais direta possível. Para tangibilizar isso, a taxa de recorrência do uso do pagamento por aproximação no metrô do Rio passa de 80%, segundo dados da Visanet, o que prova que depois do primeiro teste, pagar com essa tecnologia faz parte da rotina.

A perspectiva é excelente. Estamos crescendo exponencialmente e não vai demorar muito para vermos uma penetração cada vez maior dos pagamentos por aproximação. Volto ao início do meu texto, não estamos falando apenas de tecnologia, estamos falando de como a sociedade se apropriará da tecnologia em seu benefício. Existe em marcha o que chamo de Revolução Silenciosa, muitos ainda não a veem, mas pouco a pouco toma espaço e se consolida, e estar preparado para essa transformação é crucial para quem quer se diferenciar nesse mercado tão competitivo que é o de pagamentos.

Percival Jatobá é vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil

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Fonte: Canaltech

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