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Países que já haviam controlado a COVID-19 confirmam a 2ª onda de infecções




Países que já haviam controlado a COVID-19 confirmam a 2ª onda de infecções - 1

Hong Kong, Singapura, Taiwan e Coreia do Sul e China foram os primeiros países a controlar a epidemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), antes mesmo que se tornasse uma pandemia. O que ajudou bastante os asiáticos foi a experiência traumática de 2002, quando outra versão do patógeno, a SARS, também causou muitas mortes e problemas econômicos. Agora, porém, diferente da ocasião anterior, os asiáticos estão vendo o ressurgimento da COVID-19 nos últimos dias, confirmando uma segunda onda de infecções.

Vale destacar que, entre as ações iniciais, esses países bloquearam sua imigração mais rapidamente, mobilizaram agentes de saúde pública para acompanhar os contatos dos casos, mantiveram seus hospitais preparados e começaram a publicar informações e dados claros e consistentes. Eles achataram suas curvas da relação contágio/atendimento antes que o resto do mundo entendesse essa medida seria necessária.

Mas, nas últimas semanas, essas curvas apresentaram uma reviravolta. O número de novos casos nesses locais está subindo cada vez mais. A contagem de Hong Kong começou a subir no dia 18 de março e deu um salto para 84 novos positivos em 28 de março. Singapura apresentava 47 novas infecções em 16 de março e, desde então, a cidade-estado teve três dias com mais de 70 positivos a cada 24 horas. Taiwan, que tinha 5 contágios confirmados no final de janeiro, passou a registrar 20 por dia em meados de março. Já a Coreia do Sul teve 86 novos casos na sexta-feira (3).


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Fábrica de máscaras em Taiwan (Imagem: Reprodução/Makoto Lin – Fotos Públicas)

Tudo bem que, comparado com outros países, a exemplo de Estados Unidos, Itália e Espanha, os números de confirmações são muito baixos, assim como o de mortes, que até agora não ultrapassaram a marca de três ou quatro pessoas por dia. O que é alarmante é que isso tudo está voltando a acontecer, em locais onde não havia mais registro diário nenhum.

Casos importados continuam sendo a preocupação

“Havia apenas um pequeno número (de casos) e desapareceu. Mas no final de fevereiro e início de março, começamos a receber mais casos importados da Europa. Hong Kong recebeu muito da Europa, Estados Unidos e outras partes do mundo, e Taiwan recebeu muito dos Estados Unidos”, explica Ben Cowling, epidemiologista da Universidade de Hong Kong.

Em Taiwan, por exemplo, várias pessoas prolongaram as férias de inverno para crianças por dez dias, para preparar os pequenos para a volta às aulas, com máscaras. Mas, nesse período, viajantes que foram à Europa aproveitar o período de recesso, retornaram com a COVID-19. E o sistema de banco de dados, assim como as diretrizes de isolamento, duas medidas essenciais para o controle inicial, não tem sido tão eficientes agora, especialmente por conta do próprio comportamento das pessoas.

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Fábrica de máscaras em Taiwan (Imagem: Reprodução/Makoto Lin – Fotos Públicas)

“O problema é que você não atende todas as pessoas, especialmente quando as que estão com sintomas leves sabem que, se forem testadas, serão isoladas e seus amigos e familiares também. Isso é desestimulante”, comenta diz Cowling. E, como sabemos, quando não há testes confirmados de pessoas infectadas, esse número pode subir de uma maneira difícil de mensurar.

Segunda onda já serve como aviso para outros países

O aparente retorno do vírus deve fazer com que os asiáticos que já tinham amenizado as medidas de prevenção e combate voltem a impor medidas mais rigorosas. Singapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan instituíram regras de distanciamento social e controles de imigração ainda mais rigorosos. E, apesar dos ressurgimentos, esses lugares ainda estão praticamente na fase de contenção.

Para outras regiões, essa segunda onda deve servir como um alerta, especialmente para os Estados Unidos, que é o atual epicentro e vive um momento de pico da doença. Apesar dos novos casos, Singapura, Hong Kong e Taiwan ainda mantêm seus números reprodutivos em torno de 1, que representa uma propagação lenta o suficiente para acompanhar os registros e conter surtos.

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Fábrica de máscaras em Taiwan (Imagem: Reprodução/Makoto Lin – Fotos Públicas)

As maiores armas de combate à disseminação continuam sendo o levantamento mais preciso do número de infectados e o isolamento. E isso vale para a segunda onda, que, no final das contas, promete ser algo mais duradouro do que imaginamos — pelo menos até a chegada de um medicamento realmente eficaz para todos ou uma vacina.

“O que gostaríamos que acontecesse em uma segunda onda, é que ela fosse muito mais lenta”, diz Cowling. “O coronavírus não está indo embora. Nós não vamos eliminá-lo. Teremos que enfrentar a perspectiva de que sempre existirá, mas esperamos que isso aconteça em pequenos números, até que possamos identificar um tratamento ou vacina eficaz”, complementa.

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Fonte: Canaltech

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