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Previsões para o ano de 2020 que não aconteceram (ainda)




Previsões para o ano de 2020 que não aconteceram (ainda) - 1

Robôs fazem todo o trabalho doméstico por você e nem precisam esperar seus comandos, pois, além de inteligentes, têm consciência e até mesmo emoções. Enquanto isso, você acompanha o noticiário com a “garota do tempo” mostrando como andam as tempestades de poeira em Marte, e logo em seguida fica indignado com um aumento repentino no preço das passagens turísticas para a Lua. Mas tudo bem, pois você já esteve lá quando comemorou seu aniversário de 50 anos, ainda bastante jovem, pois a expectativa média de vida é de 150 anos — então dá tempo de sobra para juntar mais uma grana e turistar de novo em nosso satélite natural, cheio de hospedagens e atrações para os mais diversos públicos.

A cena descrita acima ainda parece roteiro de ficção científica, mas a verdade é que se tratam de previsões que cientistas e futurólogos fizeram, décadas atrás, sobre o ano de 2020. A boa notícia é que algumas delas provavelmente acontecerão, mesmo que com anos (ou talvez décadas) de atraso e de um jeito diferente do que foi imaginado — o que é o caso do turismo espacial, por exemplo. Ainda que pensar em parques de diversão e concertos musicais na Lua nos pareça absurdo, viagens turísticas ao redor da Terra e de seu único satélite natural fazem parte de um futuro próximo inevitável.

A CNN decidiu vasculhar seus arquivos e reviveu previsões feitas para o ano de 2020 que ou se mostraram uma furada, ou simplesmente foram otimistas demais quanto ao prazo, mas que ainda devem acontecer nos anos que estão por vir. Abaixo, você confere algumas delas:


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Robôs estão presentes, mas não como se esperava

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Robôs inteligentes, conscientes e até emotivos ajudariam nas tarefas domésticas no ano de 2020, segundo previsões resgatadas pela CNN

Nada de Os Jetsons — por enquanto. Especialistas da Universidade Elon previram, em 2006, que robôs munidos de inteligência artificial seriam tão comuns no nosso dia a dia em 2020 que já teriam até mesmo assumido completamente atividades profissionais que dependem de esforço físico. Indo mais além, o futurólogo britânico Ian Pearson previu, em 2005, que neste ano de 2020 já teríamos um “computador consciente com níveis sobre-humanos de inteligência” que “definitivamente teria emoções”.

Contudo, apesar de robôs já estarem presentes em linhas de produção da indústria e chegando até mesmo a outros setores, como o varejo, e apesar de a IA estar se desenvolvendo a passos largos, já sendo útil em áreas como a medicina e a exploração espacial, ainda não temos em nosso cotidiano seres sintéticos e inteligentes como foi imaginado no início da década passada. Até já estamos vendo robôs engraçadinhos e funcionais em feiras de tecnologia mundo afora, e também testemunhamos o surgimento de robôs sexuais, bem como de assustadores robôs customizáveis que tentam se parecer com humanos, mas essa tecnologia ainda tem muito a evoluir até que se torne “carne de vaca” ter um robô em casa.

A CNN procurou Pearson em janeiro deste ano para ver o que ele tinha a dizer sobre suas previsões que não deram certo. Ele diz que tais tecnologias “não avançaram tão rapidamente quanto eu pensava”, justificando que “a IA estava se desenvolvendo muito rapidamente no início do século, então tínhamos previsões de que até 2015 teríamos máquinas conscientes que seriam mais inteligentes que as pessoas”, mas “houve uma grande recessão e isso atrasou um pouco as coisas”.

Para o futurólogo, a IA provavelmente progrediu “cerca de 35 ou 40% mais lentamente do que se esperava” e, por isso, ainda não vemos robôs emotivos e conscientes servindo como companhia para pessoas solitárias. Ainda.

A Lua não virou uma colônia de férias

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Tomando uma cervejinha suave na nave, digo, na Lua

Há muitas décadas prevê-se que, inevitavelmente, o ambiente espacial se tornaria atração turística. Essa ideia alimentou, inclusive, diversas obras de ficção científica, como o clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, que mostra a Pan Am levando passageiros a destinos além da Terra.

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Nos anos 2000, parecia que isso estava prestes a acontecer, com empresários do setor aeroespacial declarando que os anos 2010 seriam a década do turismo espacial. Foi o caso de Eric Anderson, da Space Adventures — empresa que, por sinal, chegou a enviar pessoas comuns à Estação Espacial Internacional entre 2001 e 2009 por meio de uma parceria com a agência espacial russa Roscosmos e suas naves Soyuz. Ele declarou, em 2009, que “em 2020 você verá cidadãos particulares circunavegando a Lua”. Até mesmo Elon Musk, naquela época, imaginava que em 2020 os planos de levar pessoas a Marte já estariam muito mais avançados do que estão de verdade.

O turismo espacial é mais uma previsão que ainda não se concretizou, mas que se tornará uma realidade nos próximos anos, já que vem sendo lapidado desde o início dos anos 2000 e um número cada vez maior de empresas embarca nessa empreitada, ainda que entre alguns trancos e barrancos.

A Scaled Composites, por exemplo, realizou seu primeiro voo suborbital com a aeronave SpaceShipOne em 2004, fazendo a primeira viagem espacial humana apenas com fundos privados. No mesmo ano, Richard Branson começou a anunciar que sua Virgin Galactic começaria a levar turistas espaciais à órbita da Terra em 2007 — com centenas de pessoas fazendo suas reservas pelo custo de US$ 200 mil, cada. Problemas diversos, incluindo explosões e a morte de algumas pessoas, atrasaram os planos de Branson, que retornou em 2010 dizendo que seu turismo espacial seria iniciado em 2012 — e inclusive dois brasileiros teriam comprado passagens no ano seguinte, ao custo de R$ 580 mil, cada.

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Nave suborbital VSS Unity (Imagem: Virgin Galactic)

Contudo, a aeronave sofreu uma avaria durante a reentrada na atmosfera em um voo de teste, o que causou mais um atraso no programa. Em 2014, outro acidente: a nave caiu no deserto de Mojave e ficou completamente destruída, matando o copiloto e deixando o piloto ferido. No ano seguinte, a Virgin voltou a divulgar seu projeto de turismo espacial, vendendo um número ainda maior de passagens ao custo de US$ 250 mil cada. Mais atrasos marcaram a trajetória do programa, com Branson prometendo iniciar os voos suborbitais em 2017, depois em 2018, então até o final de 2019 e… até agora, quem comprou a passagem ainda não deu uma voltinha ao redor do nosso planeta.

Mas a Virgin parece estar quase lá: em fevereiro de 2019, a empresa fez, com sucesso, um segundo voo tripulado e em caráter de testes com a nave VSS Unity, provando que o veículo já estaria seguro para começar a levar turistas à órbita da Terra. Já em agosto, a companhia abriu as portas do Gateway to Space, prédio no Novo México com estética digna de filmes de sci-fi onde os passageiros se prepararão para os voos suborbitais. Em outubro, a Virgin mostrou ao mundo os trajes futuristas que está desenvolvendo para seus turistas espaciais.

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Trajes espaciais desenvolvidos pela Virgin Galactic para o turismo espacial (Foto: Sarah Tew/CNET)

Quem também está na jogada é a SpaceX, de Elon Musk, que continua firme e forte com seus planos de levar humanos a Marte, mas, hoje em dia, parece estar mais realista quanto a projeções de quando isso acontecerá. No momento, sua empresa está focada em finalizar o desenvolvimento do Starship, veículo que levará o primeiro turista espacial à órbita da Lua — algo previsto para 2023.

Outra empresa privada que vem investindo pesado no turismo espacial é a Blue Origin, de Jeff Bezos (o fundador da Amazon). A companhia tem planos de chegar à Lua nos primeiros anos da década de 2020, e até mesmo pretende construir uma base fixa por lá. Mas, antes disso, ela vai oferecer voos espaciais na órbita da Terra — e pode cobrar até US$ 300 mil de cada um dos seis passageiros a bordo por viagem.

Previsões mais antigas erraram feio

A CNN foi além e resgatou previsões para os dias atuais feitas ainda mais antigamente — e que se mostraram uma verdadeira furada, com algumas ideias dignas de riso, inclusive. Em 1964, a RAND Corporation (entidade que desenvolve pesquisas e análises para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos desde 1948) preparou um relatório com previsões de longo prazo para a sociedade, contando com 82 especialistas em várias áreas do conhecimento para desenvolver o estudo.

Entre outras coisas, o relatório previa que humanos pisariam em Marte em 1980, enquanto a nossa expectativa de vida seria artificialmente prolongada para 150 anos em 1995. Já em 1998, poderíamos gravar informações em nossos cérebros como salvamos arquivos em um pendrive, e no ano seguinte a primeira unidade militar teria sido formada na Lua. No ano 2000, a humanidade já estaria se comunicando com extraterrestres e, em 2015, viagens no tempo seriam possíveis por meio de algum tipo de coma induzido e de longa duração. O relatório também imaginava formas primitivas de vida artificial sendo geradas em laboratório, e previa que uma linguagem universal já teria sido desenvolvida no início do século 21.

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Ainda não pisamos em Marte em 2020, mas o pessoal da RAND imaginou que isso aconteceria em 1980

Mas talvez a previsão mais exótica do relatório da RAND seja justamente a de 2020: eles imaginaram que a manipulação genética estaria evoluída a um ponto em que nós teríamos criado animais, especificamente macacos, capazes de realizar tarefas domésticas. Sim, macacos criados em laboratório para lavar a louça acumulada na pia da cozinha.

Quem também embarcou nessa “viagem na maionese” envolvendo macacos “de proveta” cuidando de nossas casas foi Glenn T. Seaborg, químico ganhador de um prêmio Nobel que, em 1967, disse: “durante o século 21, as casas que não tiverem um robô no armário de vassouras poderão ter um macaco para fazer as tarefas de limpeza e jardinagem”. Indo além, ele também vislumbrou “o uso de macacos bem treinados como motoristas da família”, o que poderia “diminuir o número de acidentes de automóveis”. Mas hein?

*Com informações de CNN

 

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Fonte: Canaltech

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