A oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO, na sigla em inglês) é conhecida há décadas e, com o aperfeiçoamento de equipamentos para isso, vem trazendo resultados ainda melhores nos últimos anos. Com ela, os médicos conseguem fazer com que o sangue de pacientes com problemas severos nos pulmões saia do corpo e “respire” através de uma máquina, antes de retornar — um princípio semelhante ao da hemodiálise. E isso tem sido ajudando bastante no tratamento dos quadros graves da COVID-19.
- Que relação tem a água tônica com a cloroquina e a COVID-19?
- Mais da metade dos infectados pela COVID-19 no Brasil está curada
Os “pulmões artificiais” da ECMO usam uma bomba centrífuga para transportar o sangue, enquanto um componente composto por uma membrana de polimetilpenteno é usado para remover o dióxido de carbono e adicionar oxigênio. Com isso, o paciente pode receber assistência respiratória, caso esteja conectado pelas veias, ou cardiorrespiratória, via artéria. Anteriormente, essa terapia era mais utilizada em bebês e recém-nascidos e, ao longo dos anos, passou a ser aplicada com mais frequência em outros casos.

“É uma opção de último recurso”, disse à BBC News Mundo Jordi Riera, médico da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Vall d’Hebron, em Barcelona. “É um tratamento complexo, invasivo e associado a complicações que podem ser importantes”, explicou. “Na pandemia da COVID-19 nós a usamos quando o pulmão não funciona. É um contexto muito particular, muito claro, que é a pneumonia por COVID-19: o paciente não oxigena e nós ligamos a máquina nele”, adicionou.
–
Baixe nosso aplicativo para iOS e Android e acompanhe em seu smartphone as principais notícias de tecnologia em tempo real.
–
Além do contexto específico, sua utilização ainda é bastante limitada, especialmente na nossa região. “A disponibilidade de atendimento ao paciente na ECMO depende não apenas de quantas máquinas existem, mas também de quantas pessoas são treinadas para atender pacientes com essa tecnologia. E na América Latina há certamente um problema de acesso”, afirmou Leonardo Salazar, presidente da Organização para o Suporte Vital Extracorpóreo (ELSO, por sua sigla em inglês) na América Latina.
ECMO já salvou centenas de pacientes com a COVID-19
A Espanha é um dos centros de excelência da ECMO e a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Vall d’Hebron, em Barcelona, tratou pelo menos 10 casos de COVID-19 com esse tratamento. “Fizemos um censo da disponibilidade de atendimento ao paciente na ECMO, considerando não apenas as máquinas, mas a existência de pessoal adequadamente treinado. E um valor aproximado — porque não foi possível obter uma resposta de todos os centros — é que, na América Latina, neste momento, de 160 a 170 pacientes podem ser tratados com segurança com o ECMO”, contabilizou Salazar.

O número real, no entanto, é mais alto, pois os registros do dia 4 de abril preveem pouco mais de 10% dos 357 casos registrados pelo braço europeu da entidade, o EuroElso. Na Ásia, foram computados apenas 11 casos, mesmo que a terapia tenha começado na China, país onde o SARS-CoV-2 foi descoberto — estimam-se que mais pessoas tenham sido recuperadas dessa forma.
“Mas veja, estamos recebendo muitos pacientes na UTI com faixa etária entre 40 e 60 anos, e pacientes nessa faixa etária podem se beneficiar muito com a aplicação dessa terapia”, destacou Riera.
Fonte: Canaltech