A Qualcomm aproveitou a edição 2014 da Futurecom, evento que discute o futuro das telecomunicações com término nesta quinta-feira, para mostrar uma nova modalidade de serviço gratuito de dados, o 0800.
Esta nova modalidade é uma versão similar ao 0800 da telefonia fixa transportada para os celulares inteligentes (smartphones). Este novo formato visa ligar as empresas e os seus clientes por meio de uma conexão gratuita e segura aos sites de serviços e sistemas das empresas.
A primeira companhia a usar esta modalidade é o Banco Bradesco. Ou seja, o cliente da instituição financeira terá acesso gratuito ao banco online, mesmo se não houver pacote de dados – necessário para acessar a internet nos dispositivos móveis – em seu smartphone ou tablet.
“É um movimento social que une público e privado. Dando oportunidade para a pessoa, que não tem dados em seu celular, acessar à rede” disse Cristiano Amon, presidente da divisão de semi-condutores da Qualcomm. “É um serviço pioneiro no mundo”.
De acordo com o presidente da Qualcomm na América Latina, Rafael Steinhauser, a empresa não lucrará com a iniciativa uma vez que o interesse é “o fomento da inclusão digital”, aumentando o número de smartphones no mercado – e consequentemente dos chips da Qualcomm que estão na maioria destes aparelhos.
“O nosso interesse é que as pessoas tenham mais smartphones”, disse Steinhauser. O executivo ainda explica que a ideia pode ser implantada em outros países que necessitem deste tipo de sistema.
“Cada país que tem um segmento da população que não tem dados é uma opção de ‘ganha ganha’, para as operadoras e para os clientes”.
Implantação
O 0800 da Qualcomm está em fase de implantação em todo País. Oren Pinsky, diretor de negócios da empresa no Brasil revela que o primeiro teste com o novo serviço foi feito em 2012, em uma parceria com o Ministério das Comunicações e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Na ocasião 100 pessoas usaram o serviço com êxito. Atualmente, apenas a operação do Bradesco recebe 5 milhões de acessos por dispositivo móveis ao mês. Dentre as empresas que já se interessaram pela novidade estão empresas de varejo online, varejo off-line e bancos.
Segundo Pinsky, são três motivos para uma empresa querer usar o 0800 de dados: maior alcance, redução no custo de atendimento e estreitar o relacionamento com o cliente.
“O usuário que não tem sistema de dados, ele não vai ficar entrando na loja. Ele não vai ficar buscando serviço. Ele vai ouvir música, vai tirar foto, vai jogar. Ele não vai usar o celular para conectar”, disse o executivo. “Com o 0800, por exemplo, uma loja vai poder deixar o usuário conectar e ver seus produtos, mesmo que não tenha pacote de dados”.
No entanto, ele alerta que as empresas que as pessoas, ao acessar o serviço vão navegar na velocidade da rede que está presente, seja 2G, 3G ou 4G.
Internet das Coisas e o 4G
Os executivos da Qualcomm ainda discutiram justamente sobre a necessidade de capilarizar a rede da internet da quarta geração, o 4G. A companhia americana revelou um estudo em que 60% dos smartphones estarão conectados a internet 2017 nos Estados Unidos.
Amon cita como exemplo, a necessidade de dispositivos mais rápidos com o 4G para subir arquivos de vídeos, fotos e outros conteúdos digitais rapidamente na rede. “Antes você colocava foto, vídeo e música no celular. E se preocupava com a o espaço. Hoje você coloca em um serviço de armazenamento na nuvem e não precisa mais se preocupar”, disse o brasileiro, que trabalha na sede da empresa em San Diego, Califórnia.
A internet das coisas, nova modalidade da internet que permite que as máquinas conversem entre si dando informações aos usuários na modalidade máquina a máquina ou ‘machine to machine’ (M2M), também foi abordada como necessária para o desenvolvimento da tecnologia.
Ele ainda chamou a atenção para outro dado, até 2020 aproximadamente 25 bilhões de equipamentos estarão ligados à nova internet. Para o executivo, o principal expoente da internet das coisas são os aparelhos vestíveis (wearables).
“Hoje a primeira coisa que um fabricante de tecnologia busca é um relógio (smartwatch)”, disse Amon. “Mas não para só em relógio. Existe interesse e oportunidades. Por exemplo, a área médica pode monitorar com esses wearables doenças crônicas”.
