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Nubank anuncia compra da Easynvest e se consolida no mercado de investimentos




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O Nubank anunciou nesta sexta-feira (11), a compra da corretora de investimentos digitais Easynvest, que possui uma base de 1,5 milhão de clientes. Com isso, a fintech marca sua entrada definitiva no mercado de investimentos e com boas chances de ampliar suas receitas. Os valores da transação não foram divulgados, mas sabe-se que houve troca de ações, bem como uma parte da compra será feita em dinheiro.

Atualmente, a Easynvest é considerada a maior corretora independente do mercado. Além da sólida base de clientes, ela possui mais de R$ 20 bilhões sob custódia. O movimento acontece ainda em um momento em que o setor de investimentos encontra-se bastante aquecido no Brasil, devido, sobretudo, ao cenário de baixas taxas de juros.

Por enquanto, o Nubank afirma que nada muda para os clientes das duas plataformas. As empresas permanecem operando normalmente e de maneira independente. Um grupo de trabalho será formado para planejar os próximos passos de integração dos serviços, a ser iniciada após aprovação dos reguladores – a compra da Easynvest será submetida ao Banco Central e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Tão logo ela seja aprovada, a fintech deve começar a oferecer os produtos da Easynvest aos seus clientes.


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“O mercado de investimentos no Brasil ainda é muito complexo, com produtos caros e muitas distorções. Quanto menos favorecido o cliente, piores são as opções de investimentos”, afirma David Vélez, fundador e CEO do Nubank, em comunicado. “Vamos solucionar isso, replicando o modelo Nubank de levar simplicidade e eficiência, usando tecnologia e difundindo o nosso valor de foco total no cliente. E encontramos na Easynvest um parceiro que compartilha dos mesmos valores e do propósito de democratizar o acesso aos serviços financeiros”.

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Esta é a terceira aquisição do Nubank em 2020. A fintech comprou a consultoria de tecnologia Plataformatec no começo do ano e adquiriu a empresa americana de engenharia de software Cognitect dois meses atrás.

Maior oferta de produtos…e receitas

A compra da Easynvest permitirá que o Nubank amplie suas receitas a partir de uma maior oferta de produtos, o que inclui, justamente, fundos de investimento. O número de investidores pessoa física aumentou 76% entre dezembro do ano passado e agosto deste ano e está quase em 3 milhões, segundo dados da B3, a bolsa de valores de São Paulo.

Além disso, estimativas do setor apontam que o volume de ativo sob custódia pode passar de R$ 3 trilhões em 2020 para mais de R$ 5 trilhões em 2025. A maior parte desse crescimento deve vir por meio de plataformas digitais. Uma pesquisa da McKinsey aponta que 93% dos investidores brasileiros se dizem confortáveis em usar canais digitais para investir e 61% afirmam se sentir confortável em tomar as próprias decisões de investimentos, sem um assessor direto.

Em entrevista à revista Exame, Vélez afirmou que “muitos de nossos clientes estão com produtos, fora do Nubank, que não fazem sentido. Poupança, fundos de renda fixa. Com a oferta de poucos produtos já será possível melhorar as decisões de investimentos que eles tomam”. O executivo declarou ainda que “o cliente não precisa de acesso a tantos produtos e à plataforma completa que a Easy tem. Provavelmente, vamos aumentar a oferta aos poucos”.

A entrada de fintechs no mercado de investimentos também vem sendo um movimento recorrente nos últimos meses. Em julho, o Neon, a partir de um aporte de R$ 1,6 bilhão, comprou a corretora Magliano. Já o Banco Inter conta com uma plataforma do gênero, que leva o nome de PAI e tem a custódia de R$ 20,5 bilhões.

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Fernando Miranda, CEO da Easynvest: base com 1,5 milhão de clientes (Foto: LinkedIn)

No entanto, o caminho ainda se mostra (bem) longo se levarmos em conta que as fintechs têm os “bancões” pela frente. Um estudo da consultoria Oliver Wyman, apresentado no prospecto de abertura de capital da XP, aponta que 93% dos R$ 8,6 trilhões em recursos investidos por brasileiros estão nas mãos dos cinco maiores bancos do Brasil: Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa.

No entanto, o mesmo estudo aponta que, até 2024, os recursos investidos aumentarão para R$ 14 trilhões e que 25% desse total estará sob custódia de plataformas abertas e corretoras.

Prejuízo e recuperação

Recentemente, o Nubank divulgou o balanço geral de 2019 e também do primeiro semestre de 2020. Em seus resultados referentes aos 12 meses do ano passado, o Nubank registrou um prejuízo de R$ 312,7 milhões – R$528,9 milhões de receitas e R$ 841,4 milhões em despesas -, um aumento de 211,8% em relação ao ano anterior, quando as perdas foram de R$ 100,2 milhões.

De acordo com a fintech, o aumento de gastos está entre as principais razões para os números negativos do ano passado. As despesas com intermediação financeira avançaram 36,7% (R$ 84,1 milhões); já os gastos com pessoal aumentaram em 88%, saltando para R$ 340,32 milhões.

Em seu relatório (divulgado pela Nu Pagamentos S.A), o Nubank afirma que “o aumento nas despesas financeiras deve-se principalmente a provisão para aumento de crédito de liquidação duvidosa, que aumentou 53%, enquanto os saldos de valores a receber para o [produto] cartão de crédito no ativo aumentaram 76%”. Para cobrir esse rombo, a fintech fez uma provisão de crédito de R$ 747 milhões (contra R$ 486,9 milhões em 2018).

As despesas operacionais do banco também dispararam: de R$ 237,5 milhões em 2018 para R$ 652,3 milhões no ano passado, um aumento de 174,6%. Outras despesas administrativas também cresceram para R$ 1,03 bilhão, um aumento de 202,4%.

Com tais gastos, o resultado operacional do Nubank em 2019 – que envolve diretamente os negócios da fintech – registrou um prejuízo de R$ 443,5 milhões, perdas 285,3% maiores se comparadas a 2018.

No entanto, o cenário no primeiro semestre de 2020 se mostrou muito mais promissor para o Nubank, com uma redução significativa de seu prejuízo, bem como um aumento considerável de sua base de clientes.

A fintech registrou um prejuízo de R$ 95 milhões no primeiro semestre de 2020. No entanto, as perdas são 32% menores se comparadas ao mesmo período do ano passado. Além disso, a fintech mais do que dobrou a sua base de clientes, saltando de 11 milhões para 26 milhões, com uma média de 41 mil novos correntistas diários. E o seu volume de transações aumentou em 54% em comparação a 2019.

As receitas de intermediação financeira também obtiveram bons resultados, crescendo 104% e totalizando R$ 2,079 bilhões. Além disso, a empresa ressalta que tem R$ 19,9 bilhões em caixa (um aumento de 48% em relação a dezembro de 2019), além de ter elevado provisões para devedores duvidosos para os primeiros seis meses deste ano, um movimento natural dado os efeitos econômicos causados pelo coronavírus. Ainda assim, a taxa de inadimplência foi considerada baixa pela empresa: 5,8% – de acordo com o Banco Central, esse percentual, com mais de 90 dias de atraso, ficou em 7,5% em junho de 2020.

Os anúncios foram feitos no blog oficial da fintech, em um post escrito por Marcelo Kopel, diretor financeiro da instituição. No texto, ele afirma que o “o prejuízo é uma decisão e, por isso, esperado como parte da estratégia de crescimento no momento”.

Para completar, no último dia 04 de junho, a fintech levantou uma nova rodada de investimentos, no valor de US$ 300 milhões, junto a fundos de capital de risco.

Com informações do NeoFeed e Exame

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Fonte: Canaltech

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