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Prévia | Beta de The Division 2 mostra um game rico e autêntico ao original




O motivo por trás de toda Beta é avaliar a saúde dos servidores de um game online e garantir que tudo funcione bem no lançamento. Cada vez mais, entretanto, experimentos desse tipo também servem para dar aos fãs acesso antecipado ao game tão esperado, mostrando um pouco de sua forma final antes da chegada efetiva às lojas. E se um dos intuitos da Ubisoft com os testes de The Division 2 era divulgar o game, dá para dizer que ela acertou em cheio.

O que se percebe pela amostra nada pequena dada pela companhia é que o novo jogo é maior e melhor que seu antecessor, ao mesmo tempo em que mantém vivas as raízes que agradaram tanta gente no antecessor. É como um novo recomeço para um game que cresceu bastante desde seu lançamento original, capturando uma bela base de fãs, ao mesmo tempo em que já é possível perceber os caminhos que a Ubisoft seguirá na cauda longa.

A Beta nos dava acesso a dois momentos bem diferentes da ação. No primeiro, iniciávamos nossa jornada como agentes da Divisão, um grupo militar formado por agentes altamente treinados, mas ocultos na sociedade civil. Eles foram ativados durante a Febre do Dólar, um surto viral ocorrido durante a Black Friday, como o último recurso governamental para manter a sociedade de pé. Sete meses depois, eles ainda estão ativos e, como antes, parecem enfrentar uma batalha perdida.

Mas eles permanecem ativos e, agora, o jogador é um deles. A sensação de escala, que já era grande na Nova York recém-infectada, cresce ainda mais quando, após um breve combate, damos de cara com a Casa Branca. A residência presidencial, ironicamente ou não, ainda serve como um bastião do estilo de vida americano antigo, mas, agora, funciona como a base de operações da Divisão. É a partir dela que o jogador recebe missões, compra armas, melhora os equipamentos que já tem e parte para enfrentar saqueadores e membros de gangue, estabelecendo outros focos de resistência por todo o mapa.

Dias após o início da Beta, a Ubisoft também incluiu o chamado “cenário avançado”, que, basicamente, representa o lado oposto da jornada de The Division 2. Depois de iniciarmos a aventura do zero e explorarmos as primeiras operações, era hora de se juntar a uma facção, assumir personagens de nível máximo e experimentar as especializações que transformam agentes iniciantes em membros veteranos de combate.

A distribuição foi feita de maneira acertada para garantir uma demonstração das novas possibilidades do título. Seja no começo do jogo, com a mina robótica que avança sobre os inimigos gerando uma grande explosão ou a torreta que suprime oponentes e ajuda em momentos de desvantagem numérica (quase todas as situações, na realidade), ou mais para o final, com as armas extras liberadas com cada uma das classes que podem ser escolhidas pelo jogador.

Ao situar The Division 2 em Washington, Ubisoft cria um jogo mais imponente, diverso e interessante (Imagem: Reprodução/Felipe Demartini)

Colocar armadilhas pelo terreno ou utilizar um lança-granadas como arma principal são momentos que brilham e trazem uma luz ao jogo. Aqui, claro, estamos diante de uma espécie de versão “resumida” do que está por vir, mas ainda assim dá para entender como tais recompensas mudarão a jogabilidade no chamado “fim de jogo” e transformarão as apostas em termos de inimigos e personagens controláveis. Entretanto, é aqui que alguns cacoetes do passado também insistem em aparecer.

Apesar da cara de jogo de ação militarista, The Division 2 é, em seu cerne, um RPG. E, sendo assim, além da qualidade dar armas utilizadas pelo jogador e da previsão nos disparos, os níveis de protagonistas e inimigos também são levados em conta na hora do combate. Entre em conflito com alguém muito superior a você e nem mesmo as melhores táticas, explosivos mais devastadores e equipamentos poderosos darão conta do recado.

Não se assuste com os inimigos “esponjas de balas” que, mesmo recebendo tiros de escopeta no peito à curta distância, continuam seguindo em frente como se nada tivesse acontecido. Os soldados “comuns”, digamos assim, reagem bem mais ao dano recebido, enquanto o restante continua como rocha. Outro exemplo disso é a classe franco-atiradora, cuja descrição diz tratar-se de atirador letal e silencioso que ataca à distância e seria capaz de limpar o campo de batalha e prestar suporte. O problema é que isso não significa que acertar belíssimos tiros na cabeça matarão os inimigos.

No “endgame”, The Division 2 chama a atenção pela força, mas mantém seus inimigos “esponjas de balas” (Imagem: GameRiot)

Retornam também os menus em tempo real, característica comum de jogos online, mas que parecem grandes tabelas do Excel, com códigos, números e gráficos para serem analisados. Mais uma vez, um conflito entre a acessibilidade exigida por novatos que estão chegando agora e a complexidade pedida por jogadores veteranos e muito bem atendida pela Ubisoft. O desequilíbrio permanece e a base de fãs agradece por isso.

Para compensar tais questões, entretanto, o que vemos é a entrega de um título bem mais interessante e rico. Não apenas o cenário em si é mais interessante, mas as apostas também são muito maiores. Nova York poderia ser a capital do mundo, mas Washington é o centro do governo e do poder militar, o que implica em armas muito melhores e uma ação mais estratégica, juntamente com marcos históricos completamente transformados pela tragédia.

A cidade estava bem mais preparada para a Febre do Dólar do que seu epicentro, e isso também transforma a movimentação e o combate. O GPS indica o caminho, mas é apenas uma linha guia enquanto o jogador pode deixar as ruas principais e seguir por vielas, becos e o interior de prédios em busca de loots melhores ou, quem sabe, para fugir de patrulhas inimigas e eventuais oponentes poderosos que estão no caminho até o objetivo, mas não se relacionam diretamente a ele.

Tais aspectos se mostram presentes principalmente na Dark Zone, área em que o tiroteio PvP é liberado e onde também estão os melhores loots do jogo. A arquitetura de Washington, por si só, já faz milagres para transformar a ação, que se tornou muito mais vertical e tensa do que as zonas muitas vezes fixas disponíveis no game original.

Também muda o balanço de combates o fato de que, agora, existem diferentes Dark Zones com biomas variados. As estratégias que funcionam em uma podem não ser eficazes em outras quando, por exemplo, o jogador investir em armas de longo alcance e se ver em uma região com mais zonas internas em busca de loots nos prédios e lojas. São aspectos que exigem uma versatilidade por parte do jogador e evita, pelo menos um pouco, a criação de super-heróis virtuais imunes a tudo e incapazes de deixar os outros garotos brincarem.

Mesmo assim, uma visitinha a esse local inóspito só é recomendada para jogadores avançados, assim como as aventuras pelas áreas do mapa recomendadas apenas para jogadores de um determinado nível. O mundo de The Division 2 é plenamente aberto, mas nem todos podem pisar em todos os lugares o tempo inteiro.

Apesar do foco na ação militarista, The Division 2 é um RPG em sua essência e isso se traduz no gerenciamento de itens e armas pouco intuitivo (Imagem: Felipe Demartini)

De maneira geral, tudo isso transforma The Division 2 em um game bem mais agradável e recompensador do que o primeiro, apesar de repetir em algumas questões que podem desagradar. Para um título que exige compromisso e, principalmente, interesse em alta para que os usuários se dediquem a ele, o caminho desde já parece bem pavimentado, afinal de contas estamos falando de uma empresa que nem sempre acerta na primeira vez (apesar deste caso ser uma exceção), mas que sempre manda bem na segunda.

O novo jogo parte do princípio de seu anterior, que, como os próprios fãs atestam, mudou bastante ao longo dos anos e, hoje, é completamente diferente de suas origens em termos de envolvimento, profundidade, elementos e opções. É uma vantagem das maiores para se ter de início, principalmente quando unida a um dos desígnios da Ubisoft com o game, que é manter um ambiente aberto e amigável a todos.

Eles podem não estar exatamente lá nesse segundo quesito, mas é inegável perceber que, no primeiro, a empresa acertou. The Division 2, assim como tantas outras continuações da Ubisoft, é a epítome de uma sequência, um jogo que investe absurdamente nos acertos do original para tornar a experiência maior e melhor, mesmo que, no caminho, algumas manias ruins do passado ainda não tenham sido abandonadas. Talvez a intenção nem seja essa.

The Division 2 chega em 15 de março para PC, Xbox One e PlayStation 4.

Fonte: Canaltech

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