Tecnologia

Saiba mais sobre a evolução do smartphone




Os smartphones são tão presentes em nossas vidas que os tratamos como se fossem algo que “sempre existiu”. Mas nos esquecemos de que são uma invenção relativamente nova: surgiram há pouco mais de 20 anos, mas só começaram a atingir o grande público nos últimos 10. Os próprios telefones celulares são recentes, completando 43 anos em 2016. Dos primeiros “tijolões” ao Quantum fino e leve que você tem no bolso, muitas coisas aconteceram. Confira a seguir um pouco da evolução do smartphone, dos primórdios até o dia de hoje.

Motorola DynaTAC, o primeiro celular

Em 3 de Abril de 1973 o Dr. Martin Cooper, então um engenheiro na Motorola, pegou o telefone e ligou para o Dr. Joel S. Engel, seu rival na AT&T. Seria uma ligação comum, não fosse o fato de que foi a primeira demonstração pública de uma chamada feita a partir de um telefone celular. “Joel, aqui é o Marty. Estou te ligando de um telefone celular. Um telefone celular portátil de verdade!”, disse o Dr. Cooper. Este foi o “ponto zero” na evolução do smartphone, o momento da criação. Um “big bang” cujo eco seria ouvido por décadas.

O primeiro aparelho, batizado de DynaTAC pela fabricante, pesava 1,1 Kg e tinha 25 cm de comprimento. A bateria tinha autonomia para apenas 20 minutos de conversação após 10 horas de carga, mas segundo Cooper isso não era um problema porque “ninguém iria conseguir segurar o aparelho por tanto tempo!”.

O Motorola DynaTAC era o verdadeiro
O Motorola DynaTAC era o verdadeiro “tijolar”. Pesava 1,1 Kg, algo incrível na época!

Após alguns anos de iterações, o DynaTAC chegou ao mercado em 1983 com o nome de Motorola DynaTAC 8000x, custando US$ 3.995, o que equivaleria a “módicos” R$ 39.329,65 ajustando pela inflação e câmbio atual. Foi o começo de uma revolução, que transformaria a telefonia celular de um símbolo de status nas mesas de milionários endinheirados em algo indispensável, presente nos bolsos de praticamente todos na sociedade moderna.

IBM Simon, o primeiro smartphone

Em 1994, quando os telefones celulares estavam começando a chegar ao grande público, a IBM decidiu inovar: o Simon pode ser considerado o primeiro passo na evolução do smartphone, e ancestral de todos os smartphones modernos: combinava as funções de telefonia com um “computador de bolso” controlado por uma tela sensível ao toque, capaz de enviar e receber fax e e-mails e equipado com livro de endereços, agenda, calculadora, relógio mundial, bloco de notas capaz de armazenar anotações escritas à mão e teclado virtual.

evolução do smartphone ibm simon
Lançado em 1994, o Simon já tinha boa parte dos recursos de um smartphone moderno. Exceto os jogos.

Tudo isso embalado por um poderoso processador de 16 MHz, com 1 MB (sim, Megabyte!) de RAM e 1 MB de memória ROM interna, com uma tela monocromática de 160 x 293 pixels. E não, não havia joguinhos.

Tudo isso custava US$ 1.099 na operadora Bell South, sem um contrato de 2 anos, o que daria uns R$ 6.000 em moeda corrente. O produto ficou no mercado por apenas 6 meses, entre Agosto de 1994 e Fevereiro de 1995, mas durante este período, segundo a Businessweek, 50 mil unidades foram vendidas.

Uma curiosidade: o codinome interno da IBM para o Simon era “Angler”, um tipo de peixe. Será que veio daí a tradição da Google de usar nomes de peixes para todos os smartphones da família Nexus?

Um pai coruja e o primeiro celular com câmera

Você consegue imaginar um smartphone sem câmera? Pois durante muito tempo os celulares foram incapazes de registrar imagens. Mas graças a um pai coruja tudo mudou.

O ano era 1997, e o empreendedor Philippe Kahn, um francês radicado nos EUA, já era conhecido como fundador da Borland, uma gigante na criação de ferramentas para desenvolvimento de software. Para celebrar o nascimento de sua filha Sophie, Khan fez o que todo pai moderno faz: tirou uma foto com o celular e a enviou a mais de 2 mil contatos, entre familiares, amigos e parceiros de negócios. Seria apenas mais um momento “pai coruja” se não fosse o fato de que esta foi a primeira foto capturada e transmitida com um telefone celular. Em um só momento, além da foto, Khan deu mais um passo importante na evolução do smartphone.

evolução do smartphone primeira foto
Esta foi a primeira foto feita e transmitida a partir de um telefone celular, em 1997.

Para isso, Khan teve de inventar uma infraestrutura completa, da câmera conectada ao celular a software rodando no aparelho para fazer a captura, comprimir a imagem e enviá-la a um servidor, também rodando software sob medida para encaminhar a foto a um destinatário via e-mail ou então diretamente a um serviço de impressão.

evolução do smartphone sharp jphone
O Sharp J-SH04 foi o primeiro smartphone com uma câmera integada. A resolução era de 0.1 Megapixel!

Nascia assim o celular com câmera, ou cameraphone. O primeiro modelo comercial foi o Sharp J-SH04, lançado em 2000 pela operadora japonesa J-Phone (hoje chamada Softbank). Equipado com uma câmera de 0.1 MP (sim, 110 mil pixels!), o aparelho era vendido por US$ 500, o que equivale a R$ 2.300 em moeda atual.

Um escritório no bolso: Nokia Communicator 9000

A etapa seguinte na evolução do smartphone foi o Nokia Communicator 9000, criado pensando na comunicação e um dos primeiros aparelhos que poderiam ser considerados um “escritório de bolso”. Lançado em 1996, este smartphone era capaz de enviar e receber FAX, e-mail e mensagens SMS, tinha um navegador web, cliente Telnet (para acesso a computadores remotos), lista de contatos, bloco de notas, calculadora, relógio mundial e mais.

evolução do smartphone nokia communicator
Nokia Communicator 9000. Tela de 4.5″ e teclado QWERTY escondidos debaixo da tampa.

Grande (17,3 x 6,4 cm, com 3,8 cm de espessura) e pesado (397 gramas) o Communicator 9000 era um smartphone “flip”: levantando a frente o usuário encontrava uma segunda tela de 4.5” e um teclado QWERTY completo. Era baseado em um processador Intel 386 a 24 MHz, com 2 MB de RAM, 4 MB para o armazenamento de aplicativos e 2 MB para dados do usuário.

O sistema operacional era uma variante do MS-DOS, com a interface gráfica GEOS. O Symbian, sistema no qual a Nokia basearia todos os seus smartphones nos anos seguintes, só surgiria com o sucessor Nokia Communicator 9210, quatro anos depois.

O iPhone muda tudo

O iPhone certamente é um marco na evolução do smartphone. Ele não foi o primeiro smartphone com tela colorida. Nem o primeiro capaz de acessar a internet. Muito menos o primeiro a incorporar uma câmera digital ou MP3 Player. Mas foi o primeiro aparelho a integrar todos estes recursos em um único produto fácil de usar, fácil de compreender e com apelo de massa.

Apresentado por Steve Jobs em 9 de Janeiro de 2007, o primeiro iPhone foi recebido com um misto de entusiasmo e desconfiança. Empresas estabelecidas, como a Blackberry, Palm, HTC e Microsoft, desdenharam o rival, acreditando que uma novata como a Apple seria incapaz de ter participação significativa no mercado. Já alguns usuários criticaram a ausência de recursos como suporte a redes 3G ou um teclado físico, comuns em aparelhos da época voltados aos usuários corporativos.

evolução do smartphone iphone
Apesar das dúvidas iniciais, o iPhone revolucionou o mercado de smartphones, e influenciou o design e comportamento de quase todos os seus sucessores.

Com seu design minimalista e uma frente dominada por uma enorme (para a época) tela multitoque de 3.5 polegadas, o iPhone ditou uma tendência de design seguida por quase todos os aparelhos subsequentes. Também foi o ponto de partida para a popularização dos apps, a partir da segunda versão do sistema operacional iOS.

Lojas de aplicativos já existiam na época, mas eram espaços segmentados, controlados por operadoras, com sistemas de pagamento complexos e pouca oferta de software, muitas vezes incompatível entre modelos da mesma fabricante. A App Store mudou tudo isso: a partir deste ponto os apps, e não o hardware dos aparelhos, se tornaram a estrela.

HTC Dream, o primeiro Android

Este é o pai de todos os Android, lançado nos EUA em 22 de Outubro de 2008. Seu design não poderia ser mais diferente do iPhone: abaixo da tela havia 5 botões (Chamada, Home, Menu, Back e Encerrar chamada/Power) e um trackball para rolagem de tela, além de botões de volume na lateral. Como se não bastasse, havia um teclado QWERTY completo sob a tela de 3.2”, uma necessidade já que o sistema operacional Android na época não tinha um teclado virtual.

Inicialmente disponível apenas na operadora norte-americana T-Mobile, onde foi batizado de T-Mobile G1, o HTC Dream eventualmente foi lançado também no Canadá, Inglaterra e vários países da Europa. Na Polônia ganhou um novo nome, e ficou conhecido como Era G1.

evolução do smartphone htc dream g1
Pai de todos os Android, o HTC Dream não poderia ser mais diferente do iPhone. Sobravam botões, e o sistema operacional ainda era bastante primitivo.

O Dream também é o pai da família Nexus: o primeiro “smartphone para desenvolvedores” da Google, chamado Android Dev Phone 1, foi lançado em Dezembro de 2008 e era basicamente uma versão completamente desbloqueada do HTC Dream.

Curiosamente, o HTC Dream já mostrava sinais do impacto do lançamento do iPhone no mercado de telefonia: o primeiro smartphone Android deveria ter sido um aparelho mais “tradicional”, parecido com os BalckBerry que eram tão populares na época, com uma tela pequena sobre um teclado físico. Entretanto, o sucesso da Apple fez a Google puxar o “freio de emergência”, engavetar o projeto e redesenhar o hardware como algo mais moderno.

Evolução do smartphone: do Motorola DynaTAC ao Quantum MÜV

Aparelhos modernos, como os Quantum MÜV, são pequenas maravilhas tecnológicas, computadores de bolso equipados com recursos que seriam impossíveis ou inimagináveis poucos anos atrás, fruto da soma de características de todos os seus antecessores, refinadas através de décadas de evolução do smartphone.

Sem o DynaTAC simplesmente não teríamos um telefone celular. E sem o pioneirismo da IBM com o Simon, talvez nossos telefones nunca tivessem aprendido a fazer mais do que chamadas.

Não teríamos Selfies sem a “corujice” de Philippe Kahn, nem poderíamos responder e-mail e editar planilhas e documentos se a Nokia não tivesse apostado na idéia com o Communicator 9000. Sem o iPhone talvez nunca tivéssemos trocado os apertados teclados estilo BlackBerry por gestos na tela, e sem o apoio de uma gigante como a HTC talvez o projeto Android nunca tivesse decolado.

evolução do smartphone quantum muv
Quantum MÜV: uma pequena maravilha da tecnologia, com recursos impensáveis poucos anos atrás.

É difícil imaginar onde nossos smartphones estarão daqui a 5 ou 10 anos, embora recentes avanços em tecnologias como a realidade virtual e inteligência artificial apontem para algo bem diferente do que temos hoje. A nós só resta ficar de olho: a julgar pelo passado, o próximo grande passo na evolução do smartphone pode surgir de onde menos se espera 😉

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